Está nos famosos M&Ms, Mars, batons da L’Oreal e até na comida para animais da Nestlé. E estáa financiar ambos os lados de uma guerra sangrenta que está a provocar a maior crise humanitária da atualidade.
Um ingrediente-chave encontrado na Coca-Cola, nos M&Ms, nos batons da L’Oréal e até na comida para animais da Nestlé estará a financiar a guerra civil em curso no Sudão, onde decorre a maior crise humanitária da atualidade.
O ingrediente em questão é a goma-arábica, derivada da seiva da acácia, utilizada em diversos produtos como estabilizador, espessante e agente aglutinante em várias indústrias.
O Sudão produz cerca de 80% da goma-arábica mundial e tem sido ator central no comércio global do valioso produto. Mas o conflito entre os militares sudaneses e as Forças paramilitares de Apoio Rápido (RSF) tornou a produção e o comércio de goma-arábica cada vez mais complicados.
Com o controlo das regiões de colheita de goma a cair, em grande parte, nas mãos das RSF, que estão a tentar tomar conta do país, as receitas do comércio da seiva tornaram-se fonte de financiamento fundamental para ambos os lados do conflito.
Atualmente, a seiva tornou-se “uma fonte chave de financiamento para ambos os lados”, segundo o The Wall Street Journal.
Muitos comerciantes de países vizinhos como o Chade, o Senegal, o Egito e o Sudão do Sul estão a oferecer goma-arábica a preços muito reduzidos, mas sem certificação que garanta que está “livre de conflitos”.
Como resultado, grande parte da goma que está a ser exportada é agora contrabandeada, segundo fontes da Reuters., o que “está a “complicar os esforços das empresas ocidentais” para libertarem as suas cadeias de abastecimento das amarras do conflito.
Historicamente, o comércio de goma-arábica do Sudão tem sido fonte essencial de influência na diplomacia internacional. Na década de 1990, os EUA impuseram sanções ao Sudão, mas criaram uma isenção especificamente para a goma-arábica.
O comércio continuou a funcionar apesar do envolvimento do país em conflitos regionais, incluindo o sangrento conflito de Darfur. Mas o conflito tem escalado, e é cada vez mais difícil para as empresas ocidentais evitarem a possibilidade de as suas cadeias de abastecimento estarem a contribuir para o esforço de guerra.
Apesar da crescente consciencialização para esta questão, grandes empresas como a Nestlé, a Coca-Cola, a L’Oréal e a Mars nunca comentaram publicamente a situação.
Para elas, “o acesso ininterrupto a este ingrediente fundamental não é negociável”, como explica o Finshots.
Desde 15 de abril de 2023, o conflito entre as forças do general al-Burhan e as milícias do general Hemedti pode ter custado a vida a mais de 150 mil civis.
Felizmente eu não sou consumidor de todos os produtos elencados no artigo… Curiosa a “sanção” dos EUA aplicada em 1990, deixando de fora o produto em causa… faria maior “mossa” ao criador da “sanção”.
A goma arábica está presente em outras marcas e produtos, é só ler os rótulos… Quanto aos EUA, não é surpresa, desde que seja para o seu benefício vale tudo.