Mark Rutte rasgou Trump de elogios – mas não precisava

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YURI GRIPAS / EPA

O secretário-geral da NATO Mark Rutte e o presidente dos EUA Donald Trump, na Sala Oval da Casa Branca

O secretário-geral da NATO Mark Rutte rasgou, esta quinta-feira, na Casa Branca, Donald Trump de elogios. O presidente dos Estados Unidos fez o mesmo: também se rasgou de auto-elogios.

Em plena Casa Branca, esta quinta-feira, Mark Rutte elogiou repetidamente o anfitrião Donald Trump.

Mas não precisava. Como tem sido apanágio, o presidente norte-americano cumpriu a tarefa de se auto-elogiar; e ainda reclamou os louros pelo fortalecimento da NATO.

Numa reunião antecedida por ameaças de Trump de que os Estados Unidos não defenderiam aliados da NATO que não cumprissem as metas de despesas militares, Rutte, ex-primeiro-ministro neerlandês, deu mérito ao Presidente norte-americano pelo maior investimento dos aliados em Defesa, no atual mandato e também no anterior (2017-2021): “É espantoso o que aconteceu nas últimas duas semanas”.

Trump respondeu recordando como pressionou os membros da Aliança Atlântica, garantindo-lhes que não os defenderia em caso de ataque (o que violaria o artigo 5º da organização), e que graças a ele “a NATO tornou-se forte”.

Precisamente, há duas semanas a União Europeia (UE) comprometeu-se a aumentar as suas despesas militares até 800 mil milhões de euros.

A invasão russa da Ucrânia, há três anos, levou os países do leste da Europa, Báltico e Escandinávia a aumentarem os seus investimentos em Defesa, receando ser o próximo alvo de Moscovo.

A NATO estabeleceu como objetivo que cada membro deve gastar pelo menos 2% do seu PIB em defesa, uma meta que oito dos 32 países da NATO ainda não cumpriram, caso de Portugal.

Rutte disse que os aliados querem trabalhar com Trump: “Os aliados querem trabalhar em conjunto consigo na preparação da próxima cimeira [que terá lugar na cidade holandesa de Haia, em junho], para garantir que temos uma NATO realmente reforçada sob a sua liderança”, acrescentou.

Muitos elogios… e a Gronelândia

Apesar dos elogios, o líder da NATO não se livrou de um embaraço perante o presidente dos EUA.

Trump reiterou que por “razões de segurança” quer anexar a Gronelândia, território autónomo da Dinamarca, um aliado da NATO.

“Acho que isso vai acontecer (…) Sabes, Mark, precisamos disto para a segurança internacional. Temos os nossos ladrões habituais a vaguear perto das costas e temos de ter cuidado. Voltaremos a falar convosco sobre isso”, disse Trump, numa aparente referência à Rússia e à China.

“Não quero arrastar a NATO para essa questão”, respondeu o ‘embaraçado’ Mark Rutte.

Ainda assim, o secretário-geral da NATO considerou que, “no que diz respeito ao Ártico e ao Extremo Norte, o Presidente Trump tem toda a razão”.

“Os chineses estão agora a utilizar estas rotas. Sabemos que os russos estão a rearmar-se (…) Por isso, é muito importante que os sete países do Ártico, tirando a Rússia, trabalhem em conjunto nesta questão, sob a égide dos Estados Unidos, para garantir a segurança desta região”, sustentou o responsável máximo da Aliança Atlântica.

ZAP // Lusa

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