A história de “a mulher é que trata da casa” está a ficar para trás, pelo menos nos EUA. A pandemia ajudou a mudar o cenário.
São dados dos Estados Unidos da América mas é uma realidade que não se fica pelos EUA: os homens casados estão a tratar mais da casa. Limpam mais, aspiram mais, lavam mais vezes a roupa.
De acordo com dados dos investigadores da Socius, baixou 40% a diferença entre o tempo que as mulheres e os homens passam nas tarefas da casa. Isto ao longo dos últimos 20 anos. No século XXI, basicamente.
Números concretos: se recuarmos até à década 1960, por exemplo, as mulheres nos EUA passavam 7 vezes mais tempo nas tarefas de casa (limpar, cozinhar, lavar a roupa, tratar dos filhos, fazer compras, jardinagem…).
Nos anos 90 do século passado, baixou para o dobro. As mulheres passavam o dobro do tempo nessas tarefas, comparando com os homens.
Em 2003, eram 18h30m por semana para a mulher, 10h para o homem.
E agora, em 2023, uma mulher passa em média 17h45m por semana nas tarefas domésticas – os homens passam 11h12m. Ainda é 1,6 vezes mais.
Onde continua a haver uma diferença maior (o dobro para as mulheres) é no tempo gasto com as crianças.
No início do século, mais precisamente entre 2003 e 2005, as mulheres dos EUA passavam em média 4h12m por semana a preparar refeições e a arrumar. Na mesma altura, os homens gastavam apenas 1h por semana nas mesmas tarefas. Ou seja, menos de 25% do tempo da esposa.
Mas, entre 2022 e 2023, a proporção mudou muito: por cada hora gasta pelos homens, as mulheres ficam-se pelas 2h30m. Claro que continua a ser mais do dobro, mas é uma diferença substancial.
“Há uma esperança aqui”, reage a socióloga Melissa Milkie, no portal Science News.
O que mudou?
Diversos aspectos. Um deles foi a evidente mudança demográfica e profissional: mulheres casadas mais jovens e com formação universitária estão a fazer menos trabalhos domésticos do que mulheres casadas mais velhas e com menas habilitações académicas.
Os homens gastam mais tempo nas lidas da casa porque, provavelmente, a crença mudou. A sociedade deixou de olhar (tanto) de lado para um homem que trata da casa.
E a pandemia ajudou: os homens passaram a estar mais em casa, passaram a colaborar mais em casa; desenvolveram novos hábitos domésticos e, até certo ponto, esses hábitos ainda se mantêm.
Tem que ser, um homem depois de um turno de 12 horas chega a casa e tem tudo por fazer e ainda tem que fazer o jantar e a comida para levar no outro dia para o trabalho. A mulher teve nas redes sociais a “trabalhar” e no café com o amigo o dia inteiro. Hoje em dia nem fritar um ovo sabem.