Dito e feito: China “não acredita em fantasmas” e taxa os EUA onde dói mais

A China atacou o calcanhar de Aquiles dos EUA no que toca às exportações para o país asiático: os produtos agrícolas. Não chegam aos 33% que podem abalar a China, mas são uma resposta de “descontentamento”.

A China anunciou esta terça feira que vai impor tarifas adicionais de 15% e restringir as exportações a 15 empresas americanas.

As restrições começam a 10 de março, e surgem em consequência da aplicação de tarifas adicionais por parte dos EUA, que já estão em vigor e que deverão atingir os 33%.

Agora, os produtos agrícolas dos EUA que entrem na China, incluindo o milho e a soja, estarão sujeitos a novas taxas de 15% e 10%. Frango, trigo, milho e algodão são outros produtos que passarão a sofrer uma tarifa extra de 15%. A carne de porco, a carne de vaca, o marisco, a fruta, os legumes aumentam 10% as tarifas.

“Gostaria de reiterar que o povo chinês nunca teve medo do mal, não acredita em fantasmas e nunca foi intimidado”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian.

E o ministério do Comércio foi mesmo ao “calcanhar de Aquiles”: os produtos agrícolas são o que os chineses mais importam dos EUA. De acordo com a AP, em 2024 a China importou 24,7 mil milhões de dólares (23,5 mil milhões de euros) em produtos agrícolas dos EUA, ou seja, 14% dos seus 176 mil milhões de dólares em exportações agrícolas totais.

Frederique Carrier, analista da NBC, explica que “as guerras comerciais acarretam o risco de retaliação e escalada — e, certamente, no caso da China e, potencialmente, no caso do Canadá e do México, que também enfrentarão tarifas hoje … esperamos alguma resposta”.

Diz que esta pode ser “uma resposta que talvez não seja exatamente uma resposta à altura, mas uma resposta direcionada para mostrar o descontentamento que estes países estão a sentir ao receberem as tarifas”.

“Os EUA esperam conseguir um acordo comercial com a China no final”, comenta Sun Chenghao, professor de Relações Internacionais em Pequim. “A longo prazo, é possível que a China e os EUA continuem a negociar, mas a atmosfera atual não é boa”.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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