“Partilhas sem cliques” são mais comuns em publicações extremadas e conservadoras. Investigadores recomendam avisos que incentivem os utilizadores a ler os artigos antes de os partilharem.
Um novo estudo revela que 75% dos utilizadores do Facebook partilham links de notícias sem ler o seu conteúdo.
Depois de analisarem 35 milhões de publicações no Facebook entre 2017 e 2020, investigadores da Universidade da Florida liderados pelo professor Jinping Wang descobriram que as “partilhas sem cliques” dominam a atividade de partilha, com mais de 42 mil milhões de instâncias deste tipo a representarem três quartos de todo o conteúdo partilhado, segundo o estudo publicado na Nature Human Behaviour.
Além disso, publicações politicamente extremas tinham uma probabilidade significativamente maior de serem partilhadas sem serem lidas, em comparação com as moderadas.
O estudo também revelou diferenças importantes nos hábitos de partilha em todo o espetro político. Os utilizadores conservadores apresentaram taxas mais elevadas de partilha de informações falsas (76,9%) do que os liberais (14,3%). Esta disparidade foi atribuída em grande parte ao material de origem, com 76 a 82% dos URLs falsos provenientes de agências noticiosas conservadoras.
Os investigadores observaram que estes padrões de partilha resultam muitas vezes do processamento superficial de títulos e de artigos, que se sobrepõe ao conteúdo real do artigo.
“A viralidade dos conteúdos políticos nas redes sociais parece ser impulsionada por um processamento superficial dos títulos e dos artigos, em vez de um processamento sistemático do conteúdo principal”, escrevem os investigadores, em comunicado.
Os utilizadores analisados eram também mais propensos a partilhar histórias não verificadas que se alinhavam com as suas crenças existentes, contribuindo para a “segregação ideológica” online.
Os investigadores recomendam alterações nas interfaces das plataformas, como, por exemplo, avisos que incentivem os utilizadores a ler os artigos antes de os partilharem e alertas sobre os padrões de partilha.