O Presidente norte-americano, Joe Biden, avisou, no discurso de despedida, esta quarta-feira, que uma oligarquia está a ganhar forma na América. Teme que a população comece a ser “soterrada por uma avalanche de desinformação”.
No seu último discurso à nação a partir da Casa Branca, proferido na quarta-feira à noite em Washington (madrugada de hoje em Lisboa), Joe Biden alertou igualmente para uma “perigosa concentração de poder nas mãos de um punhado de pessoas ultra-ricas” que pode ter “consequências perigosas” se não for controlado.
“Hoje, uma oligarquia está a ganhar forma na América, de extrema riqueza, poder e influência, que ameaça literalmente toda a nossa democracia, os nossos direitos e liberdades básicas, e uma hipótese justa para todos progredirem”, observou.
Em menos de 20 minutos, o líder democrata cessante, que na segunda-feira transmite o poder para o republicano Donald Trump, deixou uma lista de riscos que os Estados Unidos enfrentam quando se avizinha o próximo ciclo político.
Na sua sequência, Biden apontou “o potencial surgimento de um complexo tecnológico-industrial que também pode representar perigos reais” para o país, invocando avisos no mesmo sentido feitos quando o ex-presidente Dwight Eisenhower deixou o cargo em 1961.
Os alertas de hoje surgem após algumas das personalidades mais ricas do mundo e gigantes da indústria tecnológica se terem juntado a Donald Trump nos últimos meses, incluindo o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, que gastou mais de 100 milhões de dólares (97,2 milhões de euros) para ajudar o republicano a ser eleito em novembro e que vai colaborar com a próxima administração norte-americana.
Ainda a propósito das ameaças tecnológicas, o Presidente cessante referiu-se aos seus concidadãos que estão “soterrados numa avalanche de desinformação” e que corre o risco de conduzir igualmente a um “abuso de poder”.
As redes sociais, frisou, “estão a desistir da verificação de factos”, numa referência ao Facebook e à empresa-mãe, Meta, de Mark Zuckerberg, igualmente próximo de Trump.
“A verdade é sufocada por mentiras contadas em busca de poder e lucro. Devemos responsabilizar as plataformas sociais para proteger as nossas crianças, as nossas famílias e a nossa própria democracia do abuso de poder”, apelou.
Biden assinalou a inteligência artificial como “a tecnologia mais importante do nosso tempo, talvez de sempre” e que “nada oferece possibilidades e riscos mais profundos” para a economia e para a segurança, para a sociedade e para a humanidade.
“A menos que existam salvaguardas, a inteligência artificial pode gerar novas ameaças aos nossos direitos, ao nosso modo de vida, à nossa privacidade, à forma como trabalhamos e como protegemos a nossa nação”, referiu, sugerindo que deve ser “a terra da liberdade, a América, e não a China”, a liderar o mundo no desenvolvimento desta tecnologia.
Biden pede respeito pela democracia
Focando-se na visão do que os Estados Unidos representam para o mundo, o Presidente cessante fez questão de ressaltar a importância das instituições democráticas para o país, como os tribunais e a imprensa, instituições que o Presidente eleito, Donald Trump, atacou em diversas ocasiões.
Biden fez também questão de assegurar uma “transferência de poder pacífica e ordeira”, numa referência indireta, mas inconfundível com os esforços de Trump para reverter os resultados da eleição de 2020, que acabaram por levar ao ataque ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021.
Durante os quatro anos no cargo, foram várias as ocasiões em que Joe Biden considerou o movimento “MAGA” – icónico ‘slogan’ de campanha de Donald Trump ‘Make America Great Again’ [Tornar a América Grande de Novo] – a “maior ameaça” à democracia dos Estados Unidos.
No discurso de despedida, o Presidente cessante quis lembrar aos norte-americanos a importância e a necessidade de proteger essa mesma democracia e aproveitou para defender grandes reformas democráticas, nomeadamente uma emenda à Constituição para que nenhum Presidente tenha imunidade por crimes cometidos no cargo.
O líder norte-americano aproveitou ainda para indicar algumas das realizações do seu Governo, como investimentos recorde para o combate às alterações climáticas, a redução dos preços de medicamentos para idosos, a aprovação de leis de segurança de armas ou a ajuda direcionada a veteranos.
Destacou ainda os feitos que alcançou ao nível de política externa, como o “fortalecimento da NATO” ou o forte apoio à Ucrânia.
“A vocês, o povo americano, após 50 anos de serviço público, dou-vos a minha palavra. Ainda acredito na ideia que esta nação defende: uma nação onde a força das nossas instituições e o caráter de nosso povo importam e devem perdurar”, defendeu.
“Agora é a vez de vocês ficarem de guarda. Que todos vocês sejam os guardiões da chama. Que vocês mantenham a fé. Eu amo a América. Vocês também a amam. Que Deus vos abençoe a todos. E que Deus proteja as nossas tropas. Obrigado por esta grande honra”, concluiu Biden.
ZAP // Lusa
A dita Oligarquia não é novidade , como en todos os Países , mudam-se as Moscas mas fica a Trampa ! ….neste caso un Trump !