Manchas semelhantes a placas tectónicas estão em lugares onde os cientistas nunca esperaram vê-las. Podem tratar-se de material antigo.
Uma equipa da Universidade de Zurique utilizou o supercomputador Piz Daint para processar os dados de todos os tipos de ondas sísmicas que o nosso planeta emite, conta a Science Alert.
Desenharam, então, um mapa muito mais preciso do que até agora se tinha do seu manto inferior.
Mas, enquanto o faziam, depararam-se enormes manchas semelhantes a placas tectónicas gigantes espalhadas um pouco por todo o planeta. São enormes manchas de rocha, mais frias e de maior densidade do que o manto inferior circundante.
No Oceano Pacífico ocidental, entre outros lugares, existem zonas de subducção (locais onde ocorre o afundamento de uma placa litosférica sob outra).
Mas, no caso destas manchas, estas encontram-se distantes desses pontos de subducção conhecidos, pelo que os cientistas não conseguem afirmar com certezas do que se trata.
“Aparentemente, estas zonas no manto terrestre estão muito mais disseminadas do que se pensava”, diz o geocientista Thomas Schouten, autor principal do estudo, publicado na Nature em novembro.
Mas as origens destas misteriosas “bolhas” podem ir para além da subducção, garante o investigador.
“Temos de calcular os diferentes parâmetros materiais que podem gerar as velocidades observadas dos diferentes tipos de ondas. Essencialmente, temos de aprofundar as propriedades do material que está por detrás da velocidade da onda”, afirma.
“Pode tratar-se de material antigo, rico em sílica, que existe desde a formação do manto, há cerca de 4 mil milhões de anos, e que sobreviveu apesar dos movimentos convectivos do manto, ou de zonas onde se acumulam rochas ricas em ferro, em consequência desses movimentos do manto ao longo de milhares de milhões de anos”, sugere ainda Schouten.
De qualquer modo, é necessário investigar mais para perceber o que são estas estranhas bolhas, como foram lá parar e o que podem implicar para a compreensão do planeta Terra.