Quando a América do Norte fazia parte da Pangeia, o ponto quente de Cabo Verde estava sob a região dos Grandes Lagos, tendo sido importante para a sua criação devido ao afloramento de material quente do manto.
Um novo estudo publicado na revista Geophysical Research Letters revela que os Grandes Lagos da América do Norte devem a sua existência a um ponto quente há muito extinto sob o supercontinente Pangeia, há cerca de 300 milhões de anos.
O ponto quente de Cabo Verde, ainda ativo sob a nação insular no Atlântico central, desempenhou um papel fundamental na formação da região que viria a albergar os lagos.
Os pontos quentes são afloramentos de material quente do manto terrestre que podem alterar significativamente a crosta. Estes fenómenos são conhecidos por criarem caraterísticas vulcânicas, como as ilhas havaianas ou o Parque Nacional de Yellowstone.
No caso dos Grandes Lagos, o hotspot de Cabo Verde aqueceu e esticou a crosta há dezenas de milhões de anos, criando uma topografia de baixa altitude. Durante a última era glaciar, os glaciares esculpiram esta depressão e a sua água de fusão encheu as bacias para formar os Grandes Lagos, que contêm atualmente 21% da água doce do planeta.
“Foi o ponto quente que deixou a primeira marca”, explicou Aibing Li, sismólogo da Universidade de Houston e co-autor do estudo.
Ao examinar os padrões das ondas sísmicas na crosta por baixo dos lagos, os investigadores identificaram um fenómeno chamado “anisotropia radial”, que indica uma deformação na litosfera, explica o Live Science.
Inicialmente, esta anomalia intrigou os cientistas, mas uma reconstrução dos movimentos das placas tectónicas veio clarificar a situação — o ponto quente de Cabo Verde situou-se em tempos diretamente por baixo da região dos Grandes Lagos, durante o período em que a América do Norte fazia parte da Pangeia.
Há entre 300 milhões e 225 milhões de anos, o ponto quente estava situado sob a área atualmente ocupada pelo Lago Superior. À medida que o continente se deslocava, o ponto quente migrou para debaixo dos lagos Huron e Erie, centro-oeste de Nova Iorque e norte da Virgínia, acabando por se deslocar para o largo há cerca de 170 milhões de anos.
Esta descoberta realça a profunda influência da dinâmica do manto na geologia de superfície. Os investigadores estão agora a expandir o seu modelo para incluir a região ocidental dos Grandes Lagos e investigar se outros grandes lagos interiores poderão também estar ligados a antigos pontos quentes.