Álcool e cancro: 4 estudos encontraram uma ligação

Afinal, aprece haver uma ligação entre o álcool e o cancro. Quem alerta é Vivek Murthy, cirurgião geral dos EUA.

Segundo o Business Insider, Murthy afirmou que todas as bebidas alcoólicas deveria ter rótulos de advertência sobre o cancro, uma medida que o Congresso teria de conceber e aprovar.

Num novo relatório, publicado no dia 03 de janeiro, Murthy descreveu a investigação que o persuadiu — e a outros profissionais de saúde — de que o álcool é um problema de saúde grave e subestimado.

Segundo Murthy, e citando um estudo de 2021 da Nutrients, há quatro formas de o álcool causar cancro.

Os dois primeiros são amplamente aceites, escreveu ele. A maioria dos médicos concorda que, quando o álcool se decompõe no corpo, pode ligar-se ao DNA, danificando as células e alimentando os tumores.

Há também evidências robustas de que o álcool pode causar inflamação, que está ligada ao cancro.

O estudo aponta para novas investigações que sugerem que o álcool pode influenciar hormonas como o estrogénio, abrindo caminho para o cancro da mama, embora não se saiba exatamente como.

Outra ideia emergente é a de que o álcool parece ser literalmente um caminho para outras toxinas. O tabaco, por exemplo, dissolve-se no álcool, o que pode facilitar a sua ingestão pelo organismo, refere o estudo.

Para apoiar o seu argumento a favor dos rótulos de advertência, Murthy apontou para uma meta-análise de 2015, publicada no British Journal of Cancer que encontrou “uma relação significativa” entre o consumo de álcool e sete tipos de cancro.

A equipa de investigadores de Itália, EUA, França, Suécia e Irão analisou dados de 572 estudos, que incluíam 486 538 casos de cancro. Compararam o risco de cancro entre os que bebem muito e os que bebem ocasionalmente e os que não bebem.

Descobriram que o consumo excessivo de álcool estava associado a cancros da boca, garganta, esófago, colo-retal, fígado, laringe e mama.

Murthy mencionou também um estudo de 2020, publicado na Nature, que analisou especificamente o álcool como fator de risco para o cancro da cabeça e do pescoço.

A investigação sobre cerca de 40.000 pessoas em 26 estudos revelou que o consumo de álcool de maior intensidade — consumir mais bebidas por dia e beber mais anos ao longo da vida — esta correlacionado com um maior risco de cancro da cabeça e do pescoço.

O terceiro estudo significativo que Murthy destacou foi uma análise sistemática global de 2018 que analisou as mortes relacionadas com o álcool em 195 países ao longo de 26 anos. Esse relatório, publicado na revista The Lancet, concluiu que não existe um nível seguro de consumo de álcool no que diz respeito ao cancro.

Cada relatório tem ressalvas. Por exemplo, a meta-análise de 2015 utilizou medidas variáveis de álcool e o estudo de 2018 não diferenciou entre padrões de consumo, como o consumo excessivo ou moderado de álcool.

Ainda assim, os estudos são abrangentes, significativos e informaram muitos dos médicos que afirmam que o álcool é um grave problema de saúde.

Murthy disse que estava motivado para publicar este relatório porque os inquéritos sugerem que mais de metade dos americanos não reconhece uma ligação entre o álcool e o cancro.

A ciência sobre o álcool não é, no entanto, simples.

Algumas das pessoas mais saudáveis do mundo — no Mediterrâneo e nas chamadas Zonas Azuis — bebem vinho diariamente. Os investigadores acreditam que o aspeto social do álcool pode ter grandes benefícios para a longevidade.

Além disso, o relatório de Murthy entra em conflito com um importante relatório das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina, publicado em dezembro.

O documento, que será utilizado para informar as novas Diretrizes Dietéticas para 2025, concluiu que as pessoas que bebem moderadamente têm um menor risco de morte prematura por ataque cardíaco e acidente vascular cerebral do que as pessoas que não bebem de todo.

Verificou-se também um aumento do risco de cancro da mama.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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