A energia negra não existe e a expansão acelerada do Universo é uma ilusão, diz novo estudo

A energia negra serviu, ao longo dos últimos 100 anos, para justificar a expansão do Universo, com origens desconhecidas. Agora, uma equipa de investigadores diz que, simplesmente, a energia negra não existe.

Uma equipa de físicos e astrónomos da Universidade de Canterbury, em Christchurch, Nova Zelândia, fez recurso de uma análise melhorada das curvas de luz das supernovas para mostrar que o Universo está a expandir-se de uma forma mais variada e “mais luminescente” do que se pensava, conta a Phys.

Segundo concluíram os autores do estudo, a energia negra não existe e a expansão acelerada do universo é uma ilusão causada pela gravidade, que abranda o temp.

O estudo foi publicado esta quinta feira na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society Letters, e o autor principal, David Wiltshire, diz que “os resultados mostram que não precisamos de energia negra para explicar por que razão o Universo parece estar a expandir-se a um ritmo acelerado”.

As novas provas apoiam o modelo “timescape” da expansão cósmica, que não necessita de energia negra porque as diferenças no alongamento da luz não são o resultado de um universo em aceleração, mas sim uma consequência da forma como calibramos o tempo e a distância.

A energia negra será uma força anti-gravidade fraca que atua independentemente da matéria e que constitui cerca de dois terços da densidade massa-energia do Universo.

Ao longo dos últimos anos, é recorrente falar-se neste tipo de energia para tentar justificar o crescimento acelerado do Universo, mas, segundo os autores do estudo, “a investigação fornece provas convincentes que podem resolver algumas das principais questões relacionadas com as peculiaridades do nosso cosmos em expansão“.

E Wiltshire vai mais longe: garante mesmo que, “com os novos dados, o maior mistério do Universo — a sua expansão — poderá ser resolvido até ao final da década“.

Tanto a tensão de Hubble (a expansão do Universo primitivo está em desacordo com a expansão atual) é difícil de resolver em modelos que utilizam uma lei de expansão cósmica simplificada com 100 anos — a equação de Friedmann.

Isso era um problema, mas agora os cientistas acreditam que “uma lei de expansão simples, consistente com a relatividade geral de Einstein, não tem de obedecer à equação de Friedmann”.

Os investigadores afirmam que o satélite Euclid da Agência Espacial Europeia, que foi lançado em julho de 2023, tem o poder de testar e distinguir a equação de Friedmann da alternativa do tempo. No entanto, para tal serão necessárias ainda pelo menos 1000 observações independentes de supernovas de alta qualidade.

A equipa de Christchurch trabalhou ainda em estreita colaboração com a equipa de colaboração Pantheon+, que produziu um catálogo de 535 supernovas diferentes.

Os investigadores neozelandeses podem também apontar para uma resolução convincente da tensão de Hubble e outras anomalias relacionadas com a expansão do Universo.

ZAP //

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