Demência: a música pode reduzir o sofrimento

Um novo estudo demonstrou, pela primeira vez, como é que a música reduz o sofrimento e a agitação de pessoas com demência avançada.

A investigação, levada a cabo por cientistas da Universidade Anglia Ruskin, mostra que a musicoterapia pode reduzir imediatamente e a curto prazo a agitação e a ansiedade em indivíduos com demência avançada, melhorando a sua atenção, o seu sentido de alerta e o seu humor.

No fundo, segundo o portal MedicalXpress, as interações musicais podem ajudar estas pessoas a sentirem-se mais seguras e mais orientadas, ajudando a diminuir os níveis de angústia e a melhorar o seu bem-estar.

Isto acontece porque a música – tocada, cantada ou ouvida – fornece estimulação cognitiva e sensorial e ativa redes em ambos os lados do cérebro, permitindo acesso às capacidades e memórias da pessoa, ajudando-a a controlar as suas emoções e a permanecer calma.

Além disso, a música também pode ser adaptada para reduzir o stress fisiológico, especificamente no sistema nervoso autónomo.

De acordo com os cientistas, as memórias evocadas por música, especialmente aquelas desencadeadas por música familiar, são lembradas mais rapidamente e são mais positivas e específicas do que as memórias lembradas sem música.

O estudo recomenda, por isso, que os musicoterapeutas treinem outros profissionais e as famílias que lidam com pessoas diagnosticadas com demência para que estes possam usar música para melhorar o bem-estar destes pacientes.

Por outro lado, o uso de música pode também ser uma mais-valia para a equipa de cuidados de saúde e para os próprios familiares, que irão ver os seus níveis de stress reduzidos. Esta técnica pode promover a empatia e ajudar as pessoas a envolverem-se com o paciente, nomeadamente em momentos de maior sofrimento.

“Com o envelhecimento da população e o número crescente de pessoas diagnosticadas com demência, a música é uma maneira relativamente simples e económica de melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas”, sublinhou o líder da investigação, Naomi Thompson.

“Tal como um médico prescreve medicamentos com uma dose e frequência específicas, um musicoterapeuta pode delinear um programa individualizado, definindo como deve ser usada a música ao longo do dia para reduzir o sofrimento e melhorar o seu bem-estar”, acrescentou.

O artigo científico com as descobertas foi publicado na Nature Mental Health.

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