Casa no Porto continua sem estar classificada. “Perde-se um lugar do maior vulto portuense e, provavelmente, da cultura portuguesa”.
A casa onde nasceu João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett está à venda. Quase 4 milhões de euros, num processo autorizado pela Câmara Municipal do Porto, e deve ser transformada num hotel com 29 quartos e um restaurante.
Já surgiu uma petição pública “em defesa da preservação cultural e histórica” da casa.
A ideia deste grupo de cidadãos é criar a Casa Garrett – Casa Museu e Centro de Estudos Garrettianos; um espaço museológico de valorização da enorme obra de Garrett do Liberalismo e Romantismo portugueses.
Essa ideia já foi reconhecida e aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal do Porto, em 2019. Poucos dias depois, o imóvel ardeu.
A petição sublinha que o imóvel ainda não está classificado e “não há conhecimento de qualquer tentativa de colaboração” entre a Câmara e os detentores do bem cultural.
O historiador Hélder Pacheco aponta que, se esta casa passa a ser um hotel, “perde o Porto a oportunidade de nela criar um lugar de divulgação, consagração e celebração da vida e da obra de Garrett, o maior vulto portuense e, provavelmente, da cultura portuguesa”.
A petição espera que o imóvel seja protegido: seria “justo e válido mas sobretudo urgente”.
Até agora assinaram esta petição 649 pessoas; algumas delas terão estado no protesto deste domingo.
O protesto foi organizado pela companhia Teatro Plástico. O seu director-artístico, Francisco Alves, lembra à RTP que a Câmara Municipal do Porto “teve oito anos para classificar o edifício, e não o fez; portanto, não há vontade“.
Francisco também questiona o incêndio de 2019: “Tudo indica que foi um incêndio fraudulento: ocorreu uma semana depois de a Câmara ter votado por unanimidade a constituição de um Museu do Liberalismo”.