Adolescente descobriu composto de combate ao cancro… em fezes de pássaro

Murphy, T. Brian et al. / ACS Omega

Alunos de uma escola secundária nos EUA levaram fezes de ganso para as aulas. Parece uma aula prática invulgar, mas os resultados foram surpreendentes.

Um aluno de uma escola secundária em Chicago, nos EUA, levou excrementos de ganso para o seu clube de ciências, um programa de 14 semanas de experiências práticas. Visto de fora, o cenário é estranho, mas pode afinal salvar vidas.

Tocar em cocó de aves com as mãos desprotegidas não é seguro devido a todos estes agentes patogénicos, especialmente durante um surto nacional de gripe das aves, mas quando foi pedido aos alunos que explorassem o seu bairro à procura de substâncias que pudessem ter propriedades antibióticas, Jonathon Rodriguez e Camarria Williams não resistiram em explorar o cocó de ganso.

Com a supervisão de investigadores da Universidade de Illinois, os alunos isolaram cuidadosamente uma bactéria do excremento de ganso que mostrou atividade antibiótica, conta a Science Alert.

Até agora, este tipo de bactéria não era conhecido em nenhum composto natural, e para mais contendo propriedades de combate ao cancro.

A bactéria Pseudomonas não só mostrou propriedades antibióticas, como também produziu um novo produto natural, chamado orfamida N, que nunca tinha sido visto antes pelos cientistas. Sabe-se que as orfamidas descobertas anteriormente têm propriedades médicas úteis, pelo que a equipa decidiu investigar mais aprofundadamente esta. E com fundamento: no laboratório, a orfamida N retardou o crescimento de células de melanoma e de cancro do ovário.

À medida que as bactérias perigosas de todo o mundo se tornam resistentes ao arsenal atual de antibióticos, os cientistas procuram desesperadamente novos medicamentos e o mundo natural é um dos melhores locais para procurar compostos anti-bacterianos.

Atualmente, os dois adolescentes têm um estudo publicado em outubro onde consta o seu nome, na revista ACS.

No estudo, os investigadores da Universidade de Illinois escrevem que esta descoberta e a prova de que “é possível integrar programas de sensibilização educativa com a descoberta de produtos naturais de alta qualidade“. Agora, os jovens são considerados “verdadeiros cientistas biomédicos”.

ZAP //

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