Foi alvo da “maior operação contra o contrabando na história da Colômbia”. “Papá Pitufo” tinha sido detido em Espanha, mas fugiu antes da extradição. Pediu depois exílio à AIMA — correu-lhe mal.
“Papá Pitufo” ou “El Señor” tem 62 anos morava na Europa, mas dirigia a maior rede de tráfico de droga da Colômbia, o seu país natal. Era responsável por 80% dos produtos ilícitos que chegavam por mar à costa colombiana.
Despachava semanalmente 30 contentores que transportavam têxteis, calçado, cigarros, peças automóveis e outros produtos vindos sobretudo da Ásia. Por ano, lucrava mais de 2 milhões de euros. Tinha sob seu domínio funcionário públicos e membros das forças de segurança.
Agora, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ), em cooperação com o Corpo Nacional de Polícia de Espanha.
A detenção surge “depois de demorado e meticuloso trabalho de investigação”, indica o comunicado da PJ.
“O cidadão é suspeito de liderar na Colômbia, desde 2023, uma relevante rede criminosa que se dedicava ao contrabando e à prática de crimes contra a administração pública, subornando servidores públicos de diferentes entidades”, continua a explicação da PJ.
Em abril deste ano, “Pitufo” foi preso em Espanha, perto de Valência, mas não por muito tempo. A operação envolveu a Polícia Nacional Colombiana, a Guarda Civil espanhola e a Interpol e foi descrita pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, como a “maior operação contra o contrabando na história da Colômbia”, conta o JN.
O tribunal valenciano, enquanto decidia sobre a sua extradição, deu a “Pitufo” liberdade condicional, exigindo apenas que entregasse o seu passaporte. No entanto, o contrabandista, após ter sido anunciada a decisão de extradição do país, acabou por escapar para Portugal.
“Pitufo” terá chegado a Portugal entre o final de outubro e o início de novembro, de acordo com o que revelou ao Observador uma fonte da Polícia Judiciária. O alerta foi dado pelas autoridades espanholas, e em Portugal não foi preciso muito tempo até que uma grande pista do seu paradeiro pudesse levar à sua detenção: pediu asilo à AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo).
“Em Portugal, tivemos uma informação de que ele junto da AIMA fez um pedido de asilo”, explicou a fonte da PJ, e acrescentou que o contrabandista alegou que estava a ser “perseguido politicamente pelo Presidente da Colômbia”, que decretou um mandado de detenção internacional sobre “Pitufo”. Para a candidatura, o homem usou uma morada falsa. “Não estava nessa morada, fomos localizá-lo noutro sítio”.
“Pitufo” foi detido no Porto esta quarta feira, e vai ser presente ao Tribunal da Relação do Porto, para aplicação de medida de coação.