Com os preços do café a registar aumentos históricos nos últimos dois anos, o crime chegou a várias regiões produtoras. Agricultores veem-se agora forçados a adotar novas medidas de proteção: abelhas e cães ajudam.
A nova realidade, que se verifica especialmente nos grandes produtores (Uganda, Brasil, Vietname, Costa Rica, Colômbia e Honduras) levou os agricultores a adotarem medidas mais criativas para proteger as suas colheitas, como o uso de cães de guarda e até abelhas.
O café arábica e robusta, as duas espécies mais negociadas e as que são consumidas em Portugal, alcançaram recentemente os preços mais altos das últimas décadas. O arábica chegou a 3,29 dólares por libra-peso, o valor mais alto desde 1977, enquanto o robusta atingiu máximos de 1979.
Agora, no Brasil, por exemplo, a polícia intensificou patrulhas durante a época de colheita para ajudar os produtores a prevenir saques. O Uganda, sexto maior produtor mundial de café, tem sido o mais afetado pelo crime no café, com elevados índices de criminalidade relacionados com o roubo de sacas de grãos.
Os agricultores ugandeses têm sido forçados a adotar estratégias inovadoras para proteger as suas plantações. Além de vigias por turnos e seguranças contratados, muitos investem em cães de guarda e apiários.
A ideia de usar abelhas é promovida pela Associação Central de Produtores de Café do Uganda (CECOFA), que incentiva a instalação de colmeias para proteger as colheitas, relata a Bloomberg. Para além de contribuírem para a polinização, aumentando a produtividade do café em até 20%, as abelhas também atuam como um dissuasor eficaz contra ladrões.
No mercado global, o café continua a ser um produto de referência. Apesar dos desafios, o preço do robusta subiu 58,7% em 2024, enquanto o arábica aumentou 59%, consolidando os ganhos de 2023.