O pepino-explosivo fica duro e grosso para esguichar as suas sementes em 30 milissegundos

Mistério resolvido: os pepinos-explosivos lançam sementes a alta velocidade e com precisão impressionante, revela novo estudo: “é extraordinário”.

Os pepinos-explosivos (Ecballium elaterium) intrigam os cientistas há muito tempo, nomeadamente graças à sua capacidade única de ejetar violentamente as sementes até 10 metros da planta-mãe.

Agora, uma investigação publicada esta segunda-feira na PNAS revela finalmente o mistério de longa data em volta desta planta não comestível, que pode inclusive ser encontrada nos Açores e na Madeira.

Os investigadores descobriram que estes pepinos que esguicham juntam fluido no interior dos seus frutos, criando uma pressão interna que se vai acumulando ao longo de semanas. Surpreendentemente, pouco antes da ejeção da semente, esta pressão diminui à medida que o fluido se desloca do fruto para o caule. A súbita mudança endurece o caule, ajustando o seu ângulo para otimizar a dispersão das sementes.

Todo o processo, que demora apenas 30 milissegundos — é demasiado rápido para ser observado a olho nu — mas foi captado com recurso a câmaras de alta velocidade, tomografias computorizadas e fotografias de lapso de tempo.

“O método é extraordinário“, confessa Chris Thorogood, diretor-adjunto do Jardim Botânico de Oxford: “durante séculos, as pessoas questionaram-se como é que esta planta consegue tal precisão e velocidade”.

O estudo destaca o mecanismo único da planta: à medida que o fluido é drenado para o caule, este torna-se mais espesso e mais comprido, preparando o terreno para um lançamento a alta velocidade. Momentos antes de as sementes serem expelidas, o caule recua, fazendo com que o pepino gire e ejete as sementes a uma velocidade de até 20 metros por segundo. O movimento de torção maximiza a propagação das sementes e ajuda a evitar a sobrelotação, aumentando a probabilidade de sobrevivência dos “filhotes” do pepino.

O pepino-explosivo em ação.

A equipa de Thorogood, composta por biólogos e matemáticos, utilizou modelos matemáticos para mapear as trajetórias das sementes e estudar o impacto de diferentes variáveis. Descobriram que a interrupção do processo de redistribuição de fluidos reduzia significativamente a eficácia da dispersão das sementes, levando a um aglomerado mais denso de sementes perto da planta-mãe e diminuindo as taxas de sobrevivência.

Relata o Live Science que os investigadores sugerem ainda que o mecanismo da planta pode inspirar tecnologias inovadoras, tais como sistemas de administração de medicamentos a pedido em aplicações médicas.

ZAP //

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