Destreza, curiosidade, capacidade de comunicar entre si e “inteligência suprema” dos invertebrados coloca-os possivelmente à frente dos primatas na sucessão do trono, em eventuais cidades e povoações subaquáticas.
Pensemos agora um pouco num mundo sem humanos: quem mandaria na Terra?
Um “planeta dos macacos” é possivelmente o primeiro cenário hipotético a saltar à vista, mas a Ciência sugere um candidato diferente: os polvos.
Ao imaginar um mundo onde a humanidade sucumbe à extinção — seja devido à guerra, às alterações climáticas ou a outros eventos catastróficos — alguns cientistas apostam nos inteligentes invertebrados marinhos, sustentados pelas suas capacidades extraordinárias, para nos suceder no trono.
Os polvos têm os “atributos físicos e mentais” críticos para evoluir para uma espécie construtora de civilizações, acredita Tim Coulson, da Universidade de Oxford, em entrevista ao The European.
Os mais “inteligentes, adaptáveis e engenhosos”
O argumento de Coulson baseia-se na “destreza, curiosidade, capacidade de comunicar entre si e inteligência suprema” dos polvos, “as criaturas mais inteligentes, adaptáveis e engenhosas da Terra”.
Os seus sistemas nervosos descentralizados, estruturas neurais avançadas e capacidades de resolução de problemas aumentam a sua capacidade de prosperar num mundo em mudança. Já as suas capacidades de manipulação de objetos, resolução de puzzles e camuflagem quase perfeita demonstram a sua adaptabilidade e inteligência.
Os polvos têm uma forte capacidade de sobrevivência em ambientes difíceis. São caçadores habilidosos com uma dieta variada, que inclui amêijoas, camarões, peixes e até aves.
Embora a sua curta duração de vida — entre 1,5 e cinco anos — possa parecer desvantajosa, pode também acelerar o seu desenvolvimento evolutivo. A reprodução rápida e a maturidade intelectual podem permitir que os polvos se adaptem rapidamente a condições variáveis, dando-lhes potencialmente uma vantagem na sobrevivência a longo prazo.
O Professor Coulson reconhece que é pouco provável que os polvos evoluam para criaturas terrestres, devido à falta de esqueleto e aos desafios da mobilidade em terra. No entanto, prevê a possibilidade de os polvos criarem cidades e povoações subaquáticas, reminiscentes das civilizações humanas.
E porque não os primatas?
Embora os primatas sejam os parentes mais próximos da humanidade, Coulson argumenta que são sucessores improváveis.
As mesmas ameaças que poderiam levar à extinção humana — mudanças ambientais, pandemias ou esgotamento de recursos — colocariam igualmente os primatas em perigo.
É importante sublinhar que estas ideias continuam a ser especulativas, dada a imprevisibilidade dos resultados da evolução natural. Por agora, os humanos podem maravilhar-se com o potencial do polvo como portador de vida inteligente na Terra.