O novo torpedo “Al Qar’iah” (ou “Calamidade”) apresentado pelos rebeldes huthis do Iémen tem alegadamente impressionantes semelhanças com um drone naval capturado aos Estados Unidos.
A arma pode ter sido fabricada a partir de tecnologia americana apreendida na região, com a possível ajuda do Irão, confessa o analista britânico Martin Kelly, do EOS Risk Group, ao Business Insider.
Vídeos divulgados pelo grupo mostraram o torpedo que pode ter sido modelado com base no REMUS 600 dos EUA, um drone aquático perdido pela defesa norte-americana em 2018.
مناورة “لِيَسُوءُوا وُجُوهَكُمْ” العسكرية#ليسوءوا_وجوهكم pic.twitter.com/covEJALOt5
— الإعلام الحربي اليمني (@MMY1444) October 28, 2024
A captura, como observado em imagens anteriores dos Huthi, expôs marcas de empresas de defesa ocidentais no corpo do drone.
O Irão — que tem um historial de engenharia reversa da tecnologia dos EUA e de envio de projetos ou componentes semelhantes a grupos aliados — provavelmente desempenhou um papel crucial na replicação e reconstrução do design do drone.
“O Irão provavelmente fez engenharia reversa do REMUS 600 e enviou as peças de volta para os Houthis para construção”, disse Kelly.
O arsenal huthi, já reforçado pelo apoio iraniano, inclui drones, mísseis anti-navio e drones navais, o que permite ataques a navios comerciais e militares no Mar Vermelho.
O míssil Toophan, inspirado no míssil TOW BGM-71 dos EUA, e o sistema de defesa aérea Mersad, que deriva do MIM-23 Hawk dos EUA, são alguns exemplos de técnicas semelhantes de engenharia inversa em vários sistemas de armas dos EUA
O drone Shahed, cuja conceção remonta ao RQ-170 Sentinel dos EUA, ganhou destaque em conflitos recentes, em particular na Ucrânia, onde tem sido amplamente utilizado pelas forças russas.
Mas outros especialistas apontam para discrepâncias entre o Calamity e o REMUS 600. O design pode inspirar-se na tecnologia naval iraniana apresentada em Teerão em 2023 e o torpedo pode ser uma uma versão mais simples do REMUS, sem algumas das capacidades avançadas dos sistemas americanos.
As implicações da adição do Calamity ao arsenal Huthi ainda não são claras, mas os huthis já causaram grandes perturbações no Mar Vermelho, visando navios comerciais e militares como parte de um esforço mais amplo para pressionar o Ocidente.
Apesar do tamanho modesto do torpedo, os analistas militares alertam para o facto de mesmo as armas mais pequenas poderem causar danos críticos em navios maiores se os ataques forem bem colocados, comprometendo potencialmente as operações navais e o moral dos EUA na região.
“Um ataque bem posicionado pode causar inundações críticas, desativar sistemas essenciais ou prejudicar a capacidade de manobra do navio, forçando-o a sair de ação”, alerta o analista Mohammed Albasha.
“Embora seja improvável que um navio de guerra seja afundado, esses ataques podem torná-lo temporariamente inoperante, afetando as operações e o moral da frota”, sublinha.