Um novo estudo sugere que metade das espécies de mamíferos que vivem nas florestas tropicais ajustam o seu comportamento de acordo com as fases da lua e as variações de luz que estas criam.
À medida que o desenvolvimento humano altera rápida e drasticamente alguns dos lugares mais escuros da Terra, uma equipa de cientistas da Michigan State University, nos Estados Unidos, investiga o que acontece nestes ecossistemas durante a noite.
“Esta investigação tem implicações na forma como a degradação do habitat pode afetar alguns animais tropicais”, salientou a investigadora Lydia Beaudrot, citada pelo Earth.
Nesta investigação, os cientistas analisaram 2,1 milhões de fotografias de câmaras de vida selvagem colocadas em 17 florestas protegidas em três continentes. O conjunto de imagens foi obtido a partir da Tropical Ecology & Assessment and Monitoring Network (TEAM), a que Beaudrot chamou de “recurso incrível para a comunidade científica”.
Com estas imagens, os investigadores conseguiram estudar a alteração dos comportamentos noturnos de 86 espécies de mamíferos com base na variação dos níveis de luz.
A análise permitiu descobrir que cerca de metade das espécies estudadas alteraram os seus horários e/ou níveis de atividade para responder às mudanças nos níveis de luz. “Para os animais das florestas tropicais que estão acordados à noite, nem todas as noites são iguais. De facto, as espécies que estão ativas dependem muito da lua”, explicou Beaudrot.
Dos 86 mamíferos, 12 espécies evitavam o luar, enquanto três tinham mais probabilidade de emergir nessa altura.
Algumas espécies mostraram comportamentos nos extremos da escala, sendo que metade do total mostrou algumas mudanças de comportamento que correspondiam às fases lunares. No total, 30% das espécies evitavam o luar, enquanto 20% mostravam atração por ele.
As alterações incluíam mudanças na forma como as espécies saíam à noite para caçar ou se deslocar. Evitar ou não a lua cheia é, segundo a equipa, um comportamento que pode estar relacionado com os hábitos alimentares de cada espécie e com o facto de serem predadores ou presas no ecossistema.
Um aumento da luz, por exemplo, pode facilitar a procura de alimentos e a locomoção, mas também torna mais fácil o animal ser visto. Independentemente dos prós e contras, o impacto acentuado da luminosidade está a causar preocupação sobre a forma como a degradação dos habitats florestais destes animais está a remodelar as comunidades florestais.
O artigo científico foi publicado na Proceedings of the Royal Society.