O FBI está a investigar uma fuga de documentos secretos com alegados planos de Israel para atacar o Irão. Ainda não se sabe como vazaram da Casa Branca.
O jornal norte-americano Washington Post revela que o FBI está a tentar perceber como é que os documentos secretos dos EUA foram divulgados online.
Estão em causa dois documentos distintos, um elaborado pela Agência Nacional de Segurança dos EUA, e outro pela Agência Nacional de Inteligência Geoespacial norte-americana.
Foram publicados na plataforma de mensagens Telegram num canal de apoio ao Irão intitulado “Middle East Spectator” (Espectador do Médio Oriente) que publica notícias e opiniões sobre a região.
Os responsáveis do canal já anunciaram que não têm “qualquer ligação com a fonte original” dos documentos.
O que revelam os documentos vazados?
Os ficheiros que vazaram online incluem os alegados preparativos de Israel para atacar o Irão na retaliação pelo ataque com mísseis balísticos iranianos do passado dia 1 de Outubro.
Incluem análises de imagens de satélite das actividades militares de Israel e descrevem exercícios da força aérea israelita com mísseis ar-terra e actividades secretas com drones, como evidencia a CNN.
Há ainda referências específicas a dois sistemas de mísseis balísticos lançados pelo ar.
Um desses sistemas será o Rocks que se refere a “mísseis de longo alcance” israelitas que foram concebidos para “atingir uma variedade de alvos acima e abaixo do solo”, refere a BBC.
Já o outro sistema citado será o Golden Horizon que, de acordo com o canal britânico, deverá referir-se aos mísseis Blue Sparrow que têm “um alcance de cerca de 2.000 km“.
Estes dados revelam que “a Força Aérea Israelita está a planear levar a cabo uma versão semelhante, mas bastante alargada”, do ataque que realizou em Abril passado, a um radar iraniano perto de Isfahan, aponta ainda a BBC.
O lançamento destas armas de longo alcance e longe das fronteiras do Irão, “evitaria a necessidade de aviões de guerra israelitas sobrevoarem certos países da região, como a Jordânia“, destaca também o canal.
O que não dizem
A análise das agências norte-americanas não pode “prever definitivamente a escala e o alcance” dos planos israelitas, como apontam os documentos.
Além disso, os ficheiros não apontam qualquer alvo específico dos eventuais ataques israelitas, nem quando podem ocorrer.
Especialistas acreditam que Israel vai ter como alvos para destruir o “inimigo” as instalações petrolíferas iranianas e as fábricas de armamento nuclear.
São autênticos?
Vários media norte-americanos citam autoridades oficiais de forma anónima, garantindo que os documentos parecem “autênticos”.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, também já disse que o presidente Joe Biden está “profundamente preocupado” com a “fuga” de informação, o que valida a autenticidade dos documentos.
É uma altura especialmente má para este tipo de incidente dadas as relações tensas entre os EUA e Israel.
Essa tensão pode agravar-se com uma “fuga” de documentos confidenciais que pode prejudicar os planos israelitas – e também porque mostra que os EUA espiam o “aliado” Israel, o que denota a falta de confiança no país de Netanyhau.
Quem os divulgou online?
Essa é a grande questão: saber como e quem é o culpado pelo vazamento dos documentos.
Nesta primeira fase da investigação, o FBI vai tentar perceber quem tinha acesso a esses documentos, como adianta a CNN.
A pista mais provável, nesta altura, é de que a “fuga” tenha partido de algum elemento da Casa Branca, segundo o canal norte-americano. Mas ainda não se pode descartar totalmente um ciberataque.
A CNN realça que um dos documentos parece ter sido digitalizado a partir de um briefing impresso oficialmente.
Esta evidência direcciona a investigação para o Departamento de Defesa, onde o controle dos funcionários que imprimem documentos é apertado.
Assim, pode ser fácil detectar o responsável pela fuga.
Porque foram divulgados?
As reais intenções desta fuga de informação só poderão começar a ser apuradas a partir do momento em que for detectado o culpado, ou culpados.
Mas existe a possibilidade de terem sido vazados por alguém que quer “fazer descarrilar os planos de Israel”, admite a BBC.
Os documentos terão sido distribuídos de forma oficial pelos EUA às agências de inteligência da chamada aliança “Five Eyes” que inclui, além dos norte-americanos, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia. Estes países partilham regularmente informações de inteligência confidenciais.
Não há sinais de que outros documentos secretos tenham sido vazados.