Vida animal descoberta pela primeira vez sob o fundo do mar

No fundo do oceano, sob as fontes hidrotermais que expelem água quente, prospera uma comunidade de animais. Uma expedição a uma crista vulcanicamente ativa no Pacífico encontrou caracóis, vermes tubulares gigantes e outras criaturas estranhas escondidas sob fontes termais submarinas.

Há muito que os investigadores estudam as comunidades animais nas proximidades destas fontes hidrotermais, e muitos pensavam que só os micróbios e os vírus poderiam sobreviver debaixo de água.

Para surpresa dos cientistas, durante uma expedição conduzida no verão passado pelo navio de pesquisa Falkor, o robô subaquático SuBastian revirou placas vulcânicas — e encontrou vida diversa debaixo das fontes hidrotermais.

A expedição, que tinha como objetivo explorar uma crista vulcanicamente ativa designada Fava Flow Suburbs, a 2.515 metros de profundidade no Oceano Pacífico oriental, ao largo da América do Sul, revelou caracóis, vermes e outras criaturas estranhas escondidas sob as fontes termais submarinas.

No decorrer da sua pesquisa, a equipa de investigadores usou o SuBastian para perfurar rochas vulcânicas e levantar prateleiras de lava, à procura de sinais de vida — e encontrou muito mais do que estava à espera.

Isto foi totalmente inesperado“, diz Sabine Gollner, investigadora do Instituto Real Holandês de Investigação do Mar corresponding author do estudo, citada pela Associated Press. “Não podíamos acreditar nos nossos olhos“.

Entre outras criaturas, foram encontrados vermes tubulares gigantes da espécie Riftia pachyptila, que podem ter até 50 cm de comprimento. “Soubemos imediatamente que tínhamos feito uma descoberta importante“, afirma Gollner.

Segundo a investigadora austríaca, estas criaturas do fundo do mar podem estar a viajar através de aberturas entre as prateleiras de lava para se instalarem nas profundezas.

Andrew Fisher, hidrogeólogo da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, que não esteve envolvido no estudo, diz que os cientistas já sabem há algum tempo que podem existir grandes lacunas no nosso conhecimento acerca da vida sob a superfície do fundo do mar.

Onde há espaço, a vida encontra frequentemente um lugar para se instalar”, diz Fisher. Mas, segundo o investigador, é difícil encontrar provas de tal vida porque ela se esconde em espaços pequenos e precisa das condições certas.

As fontes hidrotermais formam-se na fronteira de duas placas tectónicas, nas profundezas do oceano, explica o MSN. A água destas fontes é aquecida a temperaturas escaldantes pelo magma abaixo da superfície e sai de fissuras no fundo do mar para a água fria acima.

Esta água quente, cheia de minerais, arrefece e deposita material à volta das chaminés, produzindo tubos semelhantes a vulcões.

Embora as fontes em si possam ser extremamente quentes, o ambiente em torno de uma fonte hidrotermal não é tão extremo — as criaturas que vivem perto das fontes podem esperar temperaturas de cerca de 20 graus Celsius.

Mas, como não há luz a chegar a estas profundezas, os animais que aí vivem desenvolveram capacidades espantosas para produzir energia por outros meios.

Segundo os autores do estudo, pesquisas adicionais poderão no futuro ajudar a revelar se há colónias de vida animal sob outras fontes hidrotermais em todo o mundo.

A descoberta foi apresentada num estudo publicado esta terça-feira na revista Nature Communications.

ZAP //

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