Uma pesquisa descobriu que os ctenóforos, ou nozes-do-mar, se fundem quando sofrem ferimentos, um comportamento que nunca foi observado noutra espécie. A integração dos dois corpos está completa ao fim de 24 horas.
Um estudo inovador descobriu que as criaturas das profundezas do mar conhecidas como nozes-do-mar (Ctenophora) podem fundir-se quando feridas, criando um organismo único e maciço com um sistema nervoso e um estômago combinados.
Este fenómeno extraordinário nunca foi observado em nenhuma outra espécie, de acordo com a investigação publicada na revista Current Biology de 7 de outubro.
As nozes-do-mar, também chamadas ctenóforos, são criaturas gelatinosas com tentáculos em forma de pente que emitem sinais luminosos. Apesar do seu aspeto alienígena, estão entre os mais antigos antepassados da Humanidade.
A descoberta foi feita acidentalmente durante uma investigação de rotina. Durante a experiência, os investigadores repararam que uma das criaturas tinha desaparecido do tanque, enquanto outra tinha crescido de forma invulgar.
Uma inspeção mais atenta revelou que a gelatina grande era, na verdade, dois indivíduos fundidos, sem separação clara entre eles. Suspeitando que a fusão era uma resposta a uma lesão, a equipa realizou mais testes. Ao induzir ferimentos ligeiros e colocá-las perto uma da outra, nove dos 20 pares fundiram-se com sucesso, combinando-se completamente no espaço de 24 horas.
De forma notável, a fusão resultou na partilha de um sistema nervoso entre os ctenóforos. Duas horas após a fusão, as redes neurais sincronizaram-se, permitindo-lhes reagir a estímulos em todo o seu corpo partilhado. Esta rápida integração deve-se provavelmente à estrutura única das suas células nervosas, que se ligam de forma diferente dos neurónios de outros animais, explica o Live Science.
Outros testes mostraram que as gelatinas fundidas também partilhavam sistemas digestivos. Quando alimentadas com camarão fluorescente, a comida consumida pela boca de uma gelatina viajou através de ambos os estômagos. Embora estas criaturas atuassem como um único organismo, permanecem geneticamente distintas, incapazes de transmitir esta forma fundida às gerações futuras.
Embora as restrições financeiras tenham limitado a duração do estudo, a maioria dos pares fundidos sobreviveu durante três semanas. Os autores especulam que mais do que dois indivíduos poderiam fundir-se, embora tal não tenha sido testado. A equipa planeia realizar experiências semelhantes noutra espécie, a Bolinopsis mikado, para verificar se a capacidade de fusão é generalizada.