“Todos devem ser decapitados”. Reportagem revela atrocidades em Moçambique

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ZAP // Dall-E-2

Soldados moçambicanos a operar nas instalações da TotalEnergies raptaram, violaram e mataram dezenas de civis, revela uma investigação do Politico.

Embora o enorme projeto de gás natural da gigante francês da energia TotalEnergies no norte de Moçambique tenha sido outrora saudado como um farol de desenvolvimento económico, a empresa está agora envolvida em controvérsia e alegações de abusos dos direitos humanos.

Uma investigação conduzida pelo Politico e publicada esta quinta-feira revela os contornos de um terrível massacre ocorrido em 2021 na região, durante a violenta insurreição islamista que assolou a península de Afungi.

Segundo o Politico, soldados moçambicanos, estacionados na fábrica de gás da TotalEnergies em Cabo Delgado, aprisionaram centenas de civis em contentores de transporte. Estes civis foram então sujeitos a tortura brutal, fome e, por fim, assassínio em massa.

A TotalEnergies afirma que nunca foi informada dos alegados homicídios cometidos pelos militares moçambicanos.

Numa resposta da multinacional francesa ao artigo do Politico, a que a Lusa teve hoje acesso, é referido que na sequência dos ataques terroristas na região foi feita a evacuação de todo o pessoal da companhia e das empresas subcontratadas, a partir de 27 de março de 2021.

A empresa acrescenta que, até novembro desse ano, naquelas instalações, após a retirada de 2.500 pessoas, não ficou presente nenhum trabalhador do consórcio Mozambique LNG, que a TotalEnergies lidera —  que prevê um investimento de 18 mil milhões de euros para exportar gás natural, e que está parado desde 2021.

Segundo a nota da empresa, o local ficou “sob o controlo das forças públicas de segurança de Moçambique”.

A reportagem do Politico relata que civis que tentavam escapar dos confrontos entre os militares e os insurgentes afiliados ao braço africano do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e da Síria foram acusados de serem milicianos.

Alegadamente, os militares torturaram os homens de uma povoação, retendo-os em contentores de carga, onde os militares os “sufocaram, deixaram à fome, torturaram e finalmente mataram”, sobrevivendo apenas 26 de um grupo que deveria ter entre 180 e 250 pessoas.

A petrolífera francesa refere que “durante o período entre abril e novembro de 2021, apesar de não ter presença física em Afungi”, a Mozambique LNG manteve uma “comunicação próxima com as autoridades locais”.

“Foram realizadas 1.200 chamadas telefónicas para líderes das comunidades e outros elementos locais, sendo que“em nenhum desses contactos foram descritos os eventos relatados”, salienta a empresa.

A nota da TotalEnergies acrescenta que, após os ataques terroristas em Palma, a Mozambique LNG “prestou ajuda de emergência e apoio humanitário às comunidades locais, através de ONG locais”.

“Durante este período, o Mozambique LNG manteve comunicações regulares com as ONG envolvidas nos programas de apoio comunitário e os alegados eventos nunca foram colocados”, sublinha a informação.

A Comissão Europeia anunciou no sábado que pediu “elementos de clarificação” por parte das autoridades de Moçambique sobre estas alegações. “Aguardamos elementos de clarificação por parte das autoridades de Moçambique”, disse à Lusa um porta-voz do executivo comunitário.

ZAP // Lusa

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4 Comments

    • Mais do mesmo! Já á muitos anos várias facões controlam africa! Extremismo nunca foi uma boa coisa! E quando tens centenas se recursos e pobreza é facil subjugar outras pessoas!!
      Empresas europeias pouco lhes interessa se morrem ou trabalham! Desde que os lucros continuem, ninguém na europa se vai queixar!
      Trocamos o gás russo para o gás moçambicano para alimentar mais guerras!

  1. eh pa mas que otário que me saiu esta horta de nabos… a noticia diz que as forças armadas moçambicanas terão torturado e matado centenas de alegados milicianos. E vem aqui um retardado falar do Islão. Mas as forças armadas moçambicanas são adeptas do Islão? Fdx! Enforca-te facho!

  2. Fez-me relembrar um facto pouco conhecido, o de que o famoso massacre de Wiriamu que tanto mal fez à reputação das forças armadas portuguesas em Moçambique, foi praticado por unidades da guarnição normal de Moçambique, ou seja, por soldados moçambicanos…Não isenta completamente as forças armadas portuguesas, mas coloca o massace numa perspectiva muito diferente. Mas convém saber que quando se trata de matar não há povos inocentes…

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