/

Montenegro e Pedro Nuno não chegaram a acordo sobre o Orçamento. “Tudo muito mais complicado”

António Cotrim / LUSA

Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro

Subida extra de pensões em vez de mexer no IRS Jovem: primeiro-ministro fala em proposta do PS “radical e inflexível”.

A reunião tão esperada terminou sem acordo: nesta sexta-feira Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos falaram pessoalmente sobre o Orçamento do Estado para 2025; foi uma hora e meia de conversa, mas sem consenso.

No início e no fim, houve aperto de mão entre os dois, houve sorrisos à porta do Palacete de São Bento, mas lá dentro, apesar de finalmente estarem juntos, aparentemente ficaram mais separados.

As divergências tornaram-se ainda mais evidentes: o Governo não cede, o PS não cede.

Pedro Nuno Santos contou mais tarde que apresentou as propostas e as condições dos socialistas para viabilizar o documento – que é “da responsabilidade do Governo”.

Mas repetiu que o PS não viabilizará um orçamento que inclua as alterações ao regime de IRS e IRC propostas pelo Governo ou qualquer modelação dessas propostas.

“Nem as medidas que entraram na Assembleia da República nem nenhuma modelação. Estas medidas são erradas, más e não há nenhuma modelação que as torne boas”, reforçou o secretário-geral do PS.

Sobre o tema das “cedências e do meio caminho”, Pedro Nuno Santos deixou claro que nunca foi intenção do PS “chegar a meio caminho na elaboração do orçamento”.

Proposta do PS

Não aceitando as mexidas no IRS e no IRC, o PS propõe maior investimento na habitação para a classe média, construção e residências estudantis que custariam 500 milhões de euros.

Passa ainda por um aumento de 1,25 pontos percentuais para pensões até 1.565 euros, ou regime de exclusividade no Serviço Nacional de Saúde que custaria 200 milhões de euros.

Tudo isto custa menos do que o Governo quer gastar nas suas alterações, garante o PS. “É um destino mais proveitoso“, disse Pedro Nuno, que assegurou ainda: “Não colocamos em causa o saldo orçamental previsto para 2025”.

O líder do PS atirou ainda que esta negociação “não é um jogo de salvar a face de um líder político”.

A proposta do PS vai ser analisada pelo Governo, mas Luís Montenegro já disse que é uma proposta “radical e inflexível” porque, alega, o maior partido da oposição quer “substituir o programa do Governo pelo programa do PS”.

O Governo “não abdica da sua política económica” e vai apresentar na próxima semana uma contra-proposta para tentar “aproximar posições”. Porque, do lado do Governo, “não há radicalismo, nem inflexibilidade”.

“É um processo em que todos temos de ceder, com um interesse superior à frente de qualquer outro interesse, incluindo à frente de algumas das nossas ideias”, comentou o primeiro-ministro.

Mas há algo em que o Governo não vai ceder: descida do IRC.

Não ficou marcada uma nova reunião entre Montenegro e Pedro Nuno.

Para Ricardo Jorge Pinto, “a partir de agora os cenários ficam todos muito mais complicados“. O comentador disse na RTP que se vai fazer uma “tentativa desesperada” de salvar o Orçamento, destacando o dilema do primeiro-ministro: ou “fica nas mãos” de André Ventura, ou segue para eleições antecipadas.

“Percebe-se que estas conversações não vão a lado nenhum“, acrescentou Ana Sá Lopes no Público, reforçando a ideia de que deve ser o Chega a resolver o assunto.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.