A poluição luminosa está a alterar o comportamento dos peixes

Lynn Ketchum / Oregon State University

Uma equipa de cientistas descobriu que a poluição luminosa, especialmente a luz no espetro azul, pode alterar o comportamento dos peixes após algumas noites e ter efeitos para os seus descendentes. 

A luz artificial noturna polui o ambiente ao adicionar luminescência a locais que, de outra forma, estariam escuros.

Segundo o Phys.org, uma vez que os efeitos negativos da luz artificial durante a noite ocorrem nos seres humanos, a equipa queria saber se diferentes comprimentos de onda também afetavam o comportamento dos peixes.

Num novo estudo, publicado na semana passada na Science of The Total Environment, os investigadores estudaram a forma como as fêmeas do peixe-zebra (Danio rerio) responderam após terem sido expostas à luz artificial durante a noite, considerada a principal fonte de poluição luminosa a nível mundial.

Os peixes foram expostos a diversos comprimentos de onda de luz artificial artificial, durante oito noites, o que os fez nadar menos, ficarem mais próximos uns dos outros e passarem mais tempo perto da parede do aquário.

Estes comportamentos foram observados em peixes sob todos os comprimentos de onda de luz, mas a luz de comprimento de onda curto no espetro azul causou as mudanças mais rápidas.

“O sono é um dos principais processos dos animais que é perturbado pela luz artificial durante a noite, por isso queríamos saber o que isso significa para a sua capacidade de navegar nas suas vidas”, diz a primeira autora do estudo, Weiwei Li.

O estudo também revelou que os impactos da poluição luminosa são transmitidos aos descendentes. Após a exposição a este tipo de luz, as fêmeas do peixe-zebra foram autorizadas a reproduzir-se e a equipa criou a sua descendência em condições de luz natural.

Passados 15 dias, os investigadores testaram os comportamentos de natação das larvas utilizando um software especializado de rastreio automático concebido para quantificar os níveis de atividade dos peixes. As crias da mãe expostas mostraram uma diminuição dos movimentos durante o dia, apesar de nunca terem sido expostas a luzes durante a noite.

“Descobrimos que a poluição luminosa perturbou o comportamento natural dos peixes e esta perturbação pode ter consequências a nível da aptidão e do desempenho”, conclui o autor principal do estudo, Ming Duan.

Assim, a luz artificial durante a noite afeta a maioria dos organismos, perturbando os ritmos naturais do processo biológico.

Soraia Ferreira, ZAP //

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