Dizem que o cão é o melhor amigo do homem – em especial, da polícia, quando o ajuda a resolver crimes. Agora, esse posto poderá ser partilhado também com ratos.
Ratos treinados podem ser os próximos aliados da polícia no combate ao tráfico de animais selvagens.
Um novo estudo, publicado na Frontiers in Conservation Science, confirmou que o olfato apurado destes animais é capaz de detetar com grande eficácia produtos animais traficados.
A APOPO – já conhecida por utilizar ratazanas gigantes do sul para farejar minas terrestres e detetar tuberculose – testou agora a capacidade desses roedores para identificar quatro artigos traficados de espécies ameaçadas: chifre de rinoceronte, marfim de elefante, escamas de pangolim e madeira negra africana.
O objetivo era avaliar a precisão dos ratos na deteção de odores, visando a sua utilização em portos internacionais, “ao lado” da polícia.
Os ratos mostraram-se altamente eficazes, detetando com precisão os materiais ilícitos escondidos, mesmo quando mascarados por outros odores.
Como enaltece a New Scientist, a taxa de falsos alarmes foi inferior a 2%.
O comércio ilegal de animais selvagens é um dos principais fatores da crise da biodiversidade, mas combatê-lo é um desafio, exigindo recursos intensivos e enfrentando dificuldades políticas, especialmente em fronteiras internacionais.
Os métodos atuais – como o rastreio de contentores com raios X – tendem a ser caros e difíceis de aplicar em larga escala.
Novos “melhores amigos” são solução
No novo estudo, os investigadores da APOPO sustentam que os ratos farejadores são um alternativa económica e eficiente para combater as redes de tráfico.
“Os ratos têm capacidades específicas que podem complementar as ferramentas de rastreio existentes”, argumentou Kate Webb, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, que fez parte da investigação.
A especialista enumerou, à New Scientist, as vantagens dos ratos farejadores: “Podem ser facilmente transferidos entre treinadores e são suficientemente pequenos para serem içados para contentores e navegar em espaços apertados. Têm também uma esperança média de vida de oito anos, mas temos ratos com onze anos de idade na reforma”.
Isabelle Szott, outra investigadora, da Fundação Okeanos, disse à mesma revista que o uso de ratos para combater o tráfico de animais selvagens contribui para a luta contra vários tipo de tráfico.
“O contrabando de animais selvagens é frequentemente conduzido por indivíduos envolvidos noutras atividades ilegais, incluindo o tráfico de seres humanos, drogas e armas. Por conseguinte, a utilização de ratos para combater o tráfico de animais selvagens pode ajudar na luta global contra as redes que exploram os seres humanos e a natureza”, afirmou.