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A mala que a mulher prepara para o ministro – o que é o ecofeminismo?

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António Pedro Santos / Lusa

Declarações de Manuel Castro Almeida sobre a sua mala em tempos de reuniões sobre incêndios. E gerou-se uma onda de protestos.

Manuel Castro Almeida, Ministro Adjunto e da Coesão Territorial, estava a falar com os jornalistas sobre a situação delicada dos incêndios em Portugal.

Em Aveiro, o ministro dizia que os problemas resolvem-se localmente, não dá prioridade a números nacionais. A prioridade é “ir lá, perto deles, num princípio de proximidade; fazer com que as pessoas lesadas sintam que alguém está a olhar por elas”.

Após essa frase, uma jornalista perguntou: “Isso significa ficar aqui (em Aveiro) quanto tempo?”.

Após um breve silêncio, encolheu os ombros e respondeu: “O que for necessário. Tomara que seja pouco. Tomara que seja pouco. A minha mulher preparou-me uma mala para três dias, mas vamos ver; espero não precisar”.

E, no meio de tanto fogo, muita ‘chama’ começou a espalhar-se pelas redes sociais por causa desta parte: a mulher preparou a mala do ministro.

Há quem desvalorize estas palavras: “O país está a arder e vocês estão mesmo a discutir quem fez a mala a um ministro?“, perguntou a comentadora Adriana Cardoso.

O assunto chegou mesmo ao mundo da política. Joana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, atirou: “Este senhor é ministro mas é a mulher quem lhe faz a mala. Incompetência ou machismo, o que acham?”.

Aliás, Joana Mortágua e Adriana Cardoso protagonizaram uma troca de palavras, de argumentos, sobre este assunto. A deputada insistia em “machismo” e em “falta de noção”; a comentadora perguntava se alguém sabe se há divisão de tarefas lá em casa, se alguém conhece o contexto doméstico do ministro – que até podia “cozinhar, limpar a casa” enquanto a mulher faz a mala, sugeriu Adriana.

O que é ecofeminismo?

No meio das centenas de discussões, surgiu o termo “ecofeminismo”.

Ecofeminismo é, por exemplo, o que disse a psicóloga sexóloga Tânia Graça: “Um homem adulto de 67 anos (são 66 anos), ministro, em que é a mulher que lhe faz a mala. E isto para si é tão natural, e provavelmente até elogioso ao zelo da sua mulher, que ele o diz em televisão. Um retrato social que é muito comum: homens poderosos na esfera pública, mas adultos inaptos na esfera privada, em que é a mulher que suporta o cuidado à casa, à roupa, que faz a mala… Enfim, a mãe”.

O ecofeminismo (também) é isto. Para quem já se cruzou com a expressão, e não sabe o que é…

O ecofeminismo é uma vertente do movimento feminista que, no fundo, liga a luta pela igualdade de género à defesa do meio ambiente.

Já surgiu na década 1970, quando a escritora francesa Françoise d’Eaubonne apresentou o termo no livro Le féminisme ou la mort.

Esta vertente, como se percebe pelo nome, é contra a exploração das mulheres e da natureza – ambas por parte do patriarcado e do capitalismo.

Defende que opressão das mulheres e degradação ambiental são dois assuntos interligados.

Coloca a mulher num patamar importante em relação à sustentabilidade do planeta.

Incentiva práticas sustentáveis, que respeitem o ambiente e ao mesmo tempo valorizem o trabalho das mulheres.

Claro que, neste caso, o “feminismo” supera o “eco” na análise. Mas, apesar de não parecer, também estão ligados na história da mala – é que um dos princípios do ecofeminismo é criticar o modelo de desenvolvimento capitalista. E há ecofeministas que garantem que os homens que defendem o capital têm sempre a postura que o ministro Manuel Castro Almeida teve.

Entretanto, e voltando ao mundo da política, surge a opinião de Ossanda Liber, líder do Nova Direita: “Uma pessoa que não sabe distinguir uma mulher de um homem, nunca vai saber o prazer que sente uma mulher quando faz a mala do seu amado marido, quanto mais o gozo em desfazer a mesma mala para inspecionar os bolsos e sentir o cheiro daquele perfuminho de 3 dias. Nunca saberá!”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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5 Comments

  1. Esta gente do feminismo não passam de gente complicada, em minha casa toda vida sempre que vamos de férias sou eu, homem, que faço a(s) mala(s) do casal, porque eu tenho jeito e não se trata de machismo ou feminismo, é assim a vida de um casal. Perderem tempo com esta história da mala do Ministro, dá vontade de dizer: vão coser meias!

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  2. Seja o ministro ou mulher a fazer a mala, o que essa reçabiada da mortagua e outras como ela tem ver, o probelema e do casal como se o pais nao tivesse coisas mais importantes e ainda passarem cartão a esta gente medíocre

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