Um novo estudo revelou uma estrutura nunca antes descrita em trilobites. Afinal, este animal tinha cinco pares de apêndices cefálicos. Mas para quê?
Um novo estudo fez revelações cruciais sobre as trilobites – um dos animais mais importantes para a compreensão da evolução dos organismos vivos.
As trilobites são artrópodes extintos que se destacaram durante a era paleozóica, dominando as faunas marinhas.
Estes organismos apareceram pela primeira vez no Cambriano, há aproximadamente 540 milhões de anos, e sobreviveram a dois grandes eventos de extinção em massa e prevaleceram nos ecossistemas oceânicos até ao final do Permiano, há cerca de 252 milhões de anos.
Como escreve a Sci.News, estes seres apresentavam uma diversidade impressionante, com cerca de 20.000 espécies diferentes identificadas, e são conhecidos pelos seus exoesqueletos fósseis, que são encontrados globalmente.
10 incríveis apêndices na cabeça
A estrutura corporal das trilobites era segmentada, com a cabeça formada por vários segmentos fundidos que suportavam apêndices multifuncionais – utilizados para deteção, alimentação e locomoção.
Melanie Hopkins, do Museu Americano de História Natural, que liderou o novo estudo, destacou, à Sci.News, a importância da análise dos segmentos da cabeça para entender as relações evolutivas entre os artrópodes.
“O número destes segmentos e a forma como estão associados a outras caraterísticas importantes, como os olhos e as pernas, é importante para compreender como os artrópodes estão relacionados entre si e, por conseguinte, como evoluíram”, disse a especialista.
Como menciona a Sci.News, os segmentos na cabeça da trilobite podem ser contados de duas formas diferentes: observando as ranhuras (chamadas sulcos) na parte superior do exoesqueleto duro do fóssil da trilobite, ou contando os pares de antenas e pernas preservados na parte inferior do fóssil.
No entanto, os apêndices moles das trilobites raramente são preservados e, quando se olha para os segmentos da cabeça da trilobite, os investigadores encontram regularmente uma discrepância entre estes dois métodos.
Conduzida por Hopkins e Jin-Bo Hou, da Universidade de Nanjing, a investigação explorou fósseis da espécie Triarthrus eatoni – que permitem uma observação tridimensional dos apêndices.
O estudo revelou a presença de uma perna adicional nunca antes descrita.
Comparando com o Olenoides serratus, os investigadores desenvolveram um modelo que esclarece como os apêndices estavam conectados à cabeça.
“Este modelo resolve o aparente desajuste e indica que a cabeça da trilobite incluía seis segmentos: um segmento anterior associado à origem do desenvolvimento dos olhos e cinco segmentos adicionais, associados a um par de antenas e quatro pares de patas, respetivamente”, explica a equipa de investigação.
Como entaltece a Sci.News, este modelo resolve discrepâncias anteriores e aprimora a compreensão da estrutura anatómica das trilobites.