Os tubarões cinzentos de recife estão a abandonar os recifes de coral devido ao aquecimento global.
Uma equipa de cientistas, através da combinação de teledeteção por satélite e uma rede de recetores acústicos no fundo do mar, descobriu que os tubarões estão a abandonar os recifes de coral em alturas de stress ambiental, como as temperaturas elevadas que podem levar ao branqueamento dos corais.
Segundo o EurekAlert!, os efeitos do clima nestes animais incluem uma menor permanência, movimentos mais generalizados e frequentes para zonas diferentes e períodos mais longos de ausência total.
Num novo estudo, publicado esta segunda-feira na Communications Biology, os investigadores colocaram rastreadores acústicos em mais de 120 tubarões e instalaram recetores em torno de atóis de coral para monitorizar os movimentos dos animais nos recifes do Oceano Índico entre 2013 e 2020.
Através do estudo, foram registadas mais de 714.000 deteções acústicas. Estes registos foram combinados com dados de satélite que apresentam diferentes métricas de stress ambiental nos recifes.
“Estes resultados fornecem algumas das primeiras provas de como a alteração dos recifes em resposta ao stress ambiental, algo que se está a tornar mais extremo e mais frequente, está a afetar o movimento dos tubarões”, afirma o autor principal do estudo, David Jacoby.
Nem todos os locais monitorizados registaram um declínio na utilização do habitat. Alguns recetores acústicos registaram um aumento da residência de tubarões o que indica que pode haver fatores localizados que influenciam as decisões dos tubarões e que alguns são mais resistentes ao stress.
Embora estes fatores não tenham sido incluídos no estudo, os cientistas sugerem que alguns recifes respondem de forma diferente quando expostos ao stress, podendo ser mais ou menos resistentes.
“Com as alterações climáticas é provável que o papel ecológico que estes predadores desempenham nos recifes de coral se altere, uma vez que passam mais tempo longe dos recifes a que estão ligado”, diz o investigador.
“As implicações desta situação ainda não são totalmente conhecidas, mas dado o equilíbrio complexo das espécies e das interações tróficas que ocorrem nos recifes de coral, haverá alterações substanciais“, conclui Jacoby