As alterações climáticas estão a afetar os ecossistemas de inúmeras maneiras distintas. Recentemente, uma equipa de cientistas da Julius-Maximilians-Universität Würzburg (JMU), na Alemanha, investigou de que forma o calor prejudica as abelhas.
Uma das principais consequências negativas das alterações climáticas são as alterações na polinização, um processo natural absolutamente essencial.
“As abelhas são polinizadores importantes em sistemas naturais e agrícolas. Estes animais têm um alto valor económico e de biodiversidade”, começou por sublinhar a investigadora Sabine Nooten, citada pelo EurekAlert.
Enquanto polinizadores, as abelhas são guiadas pelos aromas emitidos pelas plantas. Estes sinais químicos revelam a sua localização e contêm informações sobre a condição das flores.
Numa experiência realizada pelos investigadores alemães, as abelhas foram expostas a tubos com temperaturas altas de 40 graus Celsius. “Descobrimos que o calor prejudicou significativamente a capacidade das abelhas de detetar aromas florais“, perdendo praticamente o olfato.
Cerca de 24 horas após a experiência, os cientistas verificaram que a maioria dos espécimes ainda apresentava alguns comprometimentos, o que significa que nem um período de regeneração tem efeitos positivos.
Este estudo, cujo artigo científico foi publicado na Proceedings of the Royal Society B Biological Sciences, confirma a intensidade com que a interação entre insetos e plantas é afetada pelas mudanças climáticas.
As descobertas permitem concluir que as ondas de calor podem ter um impacto significativo e podem ser muito importantes para futuras iniciativas de conservação de espécies.
“Agora que descobrimos que as ondas de calor prejudicam os processos fisiológicos das abelhas para detetar aromas de flores, o nosso foco está no lado comportamental. Vamos testar como o comportamento de forrageamento das abelhas é afetado por ondas de calor experimentais”, adiantou Nooten.