Foi dado um passo de gigante em direção ao estabelecimento da fusão nuclear, graças a uma técnica que juntou uma nova máquina à já conhecida Máquina Z, que estabeleceu um novo recorde de pressão de fusão nuclear.
A First Light Fusion, empresa britânica especializada em tecnologia de fusão, atingiu um novo recorde de pressão de fusão nuclear, chegando aos 1,85 terapascal (TPa) com a sua máquina pulsada revolucionária.
Este valor supera o anterior recorde de 1,5 TPa obtido pela Máquina Z dos Laboratórios Nacionais Sandia, nos EUA.
O processo de fusão nuclear – que alimenta o Sol – exige condições extremas de temperatura e pressão para ser replicado na Terra. Para fazê-lo são necessárias condições extremas de temperatura e pressão.
A fusão nuclear é vista como o “Santo Graal” da energia – por ser uma potencial fonte de energia limpa e praticamente inesgotável para a Terra.
Diferentes técnicas têm sido exploradas para alcançar a fusão nuclear, incluindo o uso de lasers e confinamento magnético.
No entanto, a First Light Fusion aposta agora numa técnica inédita: a fusão por confinamento inercial.
Como explica a Interesting Engineering, a nova técnica envolve o disparo de um projétil a alta velocidade para gerar as condições necessárias para a fusão. Este método consiste na compressão de um alvo como combustível de fusão, através do impacto de um projétil.
Esta abordagem não requer o uso de lasers ou campos magnéticos complexos e dispendiosos, sendo potencialmente mais simples e económica.
Colaboração com a Máquina Z
A mencionada Máquina Z – uma instalação de energia pulsada localizada no Novo México, conhecida por atingir uma potência de pico que excede a potência total da rede elétrica mundial – também foi utilizada nos testes.
Esta instalação emprega forças eletromagnéticas para acelerar projéteis a velocidades extremamente altas, testando materiais sob pressões igualmente extraordinárias.
À Interesting Engineering, o diretor executivo da First Light Fusion, Nick Hawker, expressou entusiasmo com o sucesso dos testes na Máquina Z, destacando que este recorde de pressão é um passo fundamental para a sua tecnologia.
“Temos o prazer de informar que o nosso primeiro disparo na Máquina Z foi um sucesso retumbante, batendo o recorde de pressão da instalação”, afirmou.
A abordagem inovadora da empresa procura simplificar o processo de fusão nuclear, reduzindo tanto os custos como a complexidade operacional, tornando-a, por isso, mais “acessível e escalável”.
Vários desafios pela frente
Apesar dos progressos, ainda existem desafios significativos a superar.
Manter as condições necessárias para a fusão e converter eficientemente a energia liberada em eletricidade são tarefas complexas.
Além disso, os materiais utilizados nos reatores devem ser capazes de suportar condições extremas de calor e radiação por períodos prolongados.
Apesar do árduo percurso até ao estabelecimento desta tecnologia, as potenciais vantagens da fusão nuclear são enormes.
Além de ser uma fonte de energia limpa e com baixo impacto ambiental, (não produzindo gases com efeito de estufa), o seu combustível principal – isótopos de hidrogénio – é abundante e facilmente acessível na Terra.
Esta tecnologia promete não apenas responder à crescente procura energética mundial, mas também ser um grande “catalisador” da redução dos impactos das alterações climáticas.