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O deserto mais seco do mundo está roxo

I. Saviane/ESO

Observatório de La Silla viu de perto a floração precoce do deserto de Atacama, no Chile.

Raro fenómeno de inverno chegou mais cedo ao Hemisfério Sul este ano, graças ao suspeito do costume que despertou sementes adormecidas antes da hora habitual.

Normalmente uma extensão árida, o deserto não polar mais seco da Terra está a passar por uma transformação rara que vale a pena apreciar.

O deserto do Atacama, no Chile, está atualmente coberto de vibrantes flores roxas — um evento conhecido como “desierto florido” que ocorre normalmente entre setembro e novembro, mas que chegou mais cedo este ano, em pleno inverno no Hemisfério Sul.

Um mar de flores deu, assim, vida ao deserto secante.

O suspeito do costume torna areia num jardim

A floração inesperada é atribuída ao fenómeno El Niño, um evento climático dentro do ciclo El Niño-Oscilação Sul (ENSO) caracterizado pelo aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Oceano Pacífico tropical central e oriental, levando a um aumento da precipitação.

As fortes chuvas deste ano no Atacama despertaram as sementes adormecidas, resultando num evento de floração precoce e fora de época.

O ‘desierto florido’ é um fenómeno relativamente raro, que ocorre normalmente de dois em dois anos. Cobre o deserto com cerca de 200 espécies de flores em tons de rosa, roxo e amarelo, num espetáculo que se estende normalmente por centenas de quilómetros.

Mas embora a floração atual seja grandiosa, o número de flores ainda não atingiu os níveis necessários para declarar oficialmente um ‘desierto florido’, explica à Reuters o chefe de conservação da biodiversidade da Corporação Nacional Florestal (CONAF), Cesar Pizarro.

No entanto, com a previsão de mais chuva, espera-se que as flores se espalhem ainda mais. “Temos de esperar”, disse Pizarro.

A última floração precoce semelhante no Atacama ocorreu em 2015. Nos últimos 40 anos, foram registados cerca de 15 eventos do género.

Tomás Guimarães, ZAP //

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