Seleccionador nacional assegurou que, para os jogadores, não é importante estar no 11 inicial nesta fase. Ai não?
Roberto Martínez começou a convencer muitos adeptos da selecção nacional de futebol.
Não propriamente devido as melhores exibições de sempre, mas devido aos resultados: 11 jogos oficiais, 11 vitórias.
Mas, noutro contexto, o seleccionador nacional tem deixado algumas ideias estranhas e pouco convincentes no ar, quando fala com os jornalistas. A mais recente foi nesta sexta-feira, na antevisão ao duelo com a Turquia, no Europeu 2024.
Primeiro, o jogo em si. Análise normal: “Não há jogos fáceis. Será um jogo diferente. Temos visto que as equipas aqui são muito competitivas, têm um nível de verticalidade, querem competir e há soluções durante 90 minutos”.
“A Turquia tem muito talento e tem uma boa estrutura defensiva, o trabalho de um treinador italiano (Vincenzo Montella) com muita experiência. É uma equipa muito bem equilibrada”, declarou.
Também avisou: “Não posso concordar que seja um jogo mais fácil. Não há jogos fáceis num Europeu”.
Depois, surgiu o assunto que já se sabia que iria aparecer nesta conferência de imprensa: Francisco Conceição vai ser titular?
Primeiro, perguntaram a Rafael Leão, que estava ao lado do treinador, se seria titular: “Estou preparado para ser titular. Quero ser titular, ajudar, mostrar o porquê de ser titular. Temos muitos jovens de qualidade. Sei que o Neto, Francisco Conceição ou o Jota darão conta do recado também. No ataque temos grandes jogadores. Longe de ser uma competição”.
Depois, perguntaram a Roberto Martínez se o jovem do FC Porto não merecia mais minutos em campo.
A resposta: “Temos 23 jogadores de campo, 10 na equipa inicial e depois uma equipa que termina. O que é importante é que todos os jogadores estão preparados. No último jogo tivemos isso: o Chico e o Pedro Neto entram e mostram porque estão na selecção, o Gonçalo Inácio e o Nélson Semedo entram e mostram porque estão na selecção. E é isso que precisamos de fazer”.
“Para nós, antes do torneio, era importante chegar aqui e crescer. Depois do jogo contra a Chéquia, somos melhores, estamos mais preparados. Fizemos uma reviravolta e isso foi essencial”.
Para fechar a resposta, uma frase peculiar: “Precisamos que todos os jogadores estejam preparados para ajudar a selecção, estar no 11 inicial não é importante para os jogadores neste momento“.
Não…?
“Vamos recuar até ao Euro 2004 e vamos imaginar Luiz Felipe Scolari a dizer ao Cristiano Ronaldo (que entrou contra a Grécia e contra a Rússia) que ele ser titular, ou não, não é importante. Mas não é importante o quê?“.
A pergunta foi deixada na CMTV, por Vítor Pinto, jornalista do Record e comentador.
“Temos de melhorar a selecção. Se for para rebentar com o jogo, jogar com a máxima qualidade que temos, com Francisco Conceição de um lado, Rafael Leão do outro, Bruno Fernandes no meio para aplicar a meia distância, eu se calhar assino mais depressa por baixo essa fórmula”, declarou.
Se o Francisco Conceição tiver de entrar para ajudar a selecção, deveria entrar mais cedo, tendo os “minutos suficientes” para ajudar. “Por favor, que não atirem outra vez o rapaz lá para dentro aos 91 minutos”, apelou.
Para Vítor Pinto, aquela explicação de Roberto Martínez foi “a resposta mais redonda da história“.
Outras frases estranhas
Não é a primeira vez que o seleccionador nacional deixa assim umas teorias dúbias. E nem é preciso sair do contexto do Euro 2024.
Quando convocou Matheus Nunes para substituir o lesionado Otávio, disse que era uma escolha “muito óbvia e natural”.
Mas aqui houve três contradições.
Primeira: Matheus Nunes não será propriamente o substituto mais natural de Otávio, olhando para as características dos dois médios.
Segunda: Matheus Nunes não foi convocado – na lista inicial – por não ter jogado muitos minutos no Manchester City ao longo da época. Agora passou a ter minutos suficientes? Quando já estava de férias?
Terceira: Pedro Neto foi convocado – na lista inicial – mas só jogou 12 minutos desde o dia 9 de Março, pelo Wolverhampton. Tal como Matheus, as lesões têm sido um problema evidente.
Este Martinez não tem a noção do que diz, mas alguém se acredita que Portugal com um geriátrico Ronaldo na frente e uma equipa a jogar devagar, terá alguma chance frente a seleções do calibre da Espanha, França ou Alemanha? ACORDEM!!