Obedecendo à Terceira Lei de Newton, o baricentro do sistema solar pode muitas vezes ser encontrado fora do corpo físico do Sol.
Hoje inquestionável na Ciência, há mais de 300 anos a famosa Terceira Lei de Newton era escrita por Isaac. Ela diz-nos que “para cada ação há uma reação igual e oposta”, o que, por outras palavras, significa que uma força que siga numa direção é sempre confrontada por uma força igual, na direção oposta.
É uma das bases da Física moderna e da astronomia, mas o que não nos ensinam na escola, por ser algo bastante complexo, são as implicações bizarras que a lei tem quando levada à letra. Uma delas é que, tecnicamente, a Terra não orbita o Sol.
A representação comum dos planetas em órbita do Sol é ilustrada sempre um pouco simplificada, uma vez que normalmente não tem em conta o conceito de baricentro, um aspeto fundamental da mecânica celeste.
Nos livros escolares, os diagramas passam frequentemente ao lado da complexidade dos baricentros para manter as explicações mais simples, especialmente para os alunos mais jovens, lembra o IFL Science.
Um baricentro é o centro de massa em torno do qual dois ou mais corpos orbitam devido a forças gravitacionais, e é uma parte fundamental da terceira lei de Kepler, que explica o movimento de dois corpos que orbitam mutuamente em torno de um centro de massa comum. No Sistema Solar, isto envolve não apenas o Sol e um planeta, como a Terra, mas também outros planetas, particularmente os gigantes gasosos como Júpiter e Saturno, que influenciam significativamente a dinâmica gravitacional do sistema solar.
Embora o Sol detenha a maior parte da massa do nosso Sistema Solar — é cerca de 1048 vezes mais pesado do que Júpiter — não é o centro fixo das órbitas dos planetas.
Na verdade, devido à atração gravitacional dos planetas, em particular dos maiores, o baricentro do sistema solar pode muitas vezes ser encontrado fora do corpo físico do Sol.
Significa isto que, tecnicamente, a Terra e os outros planetas não orbitam diretamente o Sol, mas orbitam este ponto central no Espaço, que está constantemente a mudar devido às influências planetárias.
A NASA explica:
“Considere uma pequena estrela em órbita de uma estrela mais maciça. Na verdade, ambas as estrelas giram em torno de um centro de massa comum, chamado baricentro. Isto é verdade independentemente do tamanho ou da massa de cada um dos objetos envolvidos. Medir o movimento de uma estrela em torno do seu baricentro com um planeta maciço é um método que tem sido usado para descobrir sistemas planetários associados a estrelas distantes.”
“Em termos gerais”, os planetas orbitam o Sol, “mas tecnicamente não orbitam apenas o Sol porque a influência gravitacional de Júpiter (principalmente) significa que os planetas têm de orbitar um novo ponto no Espaço”, explica o astrónomo planetário e divulgador científico James O’Donoghue, na rede social X.
“O pensamento natural é que orbitamos o centro do Sol, mas isso acontece muito raramente, ou seja, é muito raro que o centro de massa do sistema solar se alinhe com o centro do Sol”, conclui.