A tecnologia submarina permitiu descobrir uma espécie desconhecida de lula no Golfo da Califórnia a incubar ovos gigantes, com o dobro do tamanho de outras lulas de águas profundas.
De acordo com a equipa de cientistas do Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterey (MBARI), do Centro Helmholtz de Pesquisa Oceânica da GEOMAR em Kiel e da Universidade do Sul da Flórida, esta lula representa, muito provavelmente, uma espécie desconhecida da família Gonatidae, cujos ovos podem levar entre um e quatro anos para se desenvolverem, mais do que todo o ciclo de vida das lulas de águas rasas.
O espécime foi observado pelo robô submarino Doc Ricketts, que gravou a lula no fundo do mar, a 2.566 metros abaixo da superfície, em 2015. As imagens, no entanto, só foram divulgadas pelos cientistas este mês.
Segundo a equipa, o que torna esta lula especial é o tamanho dos ovos, que são duas vezes maiores do que os das outras espécies de lulas do fundo do mar, noticia o Europa Press.
A maioria das lulas põe ovos extremamente pequenos, com cerca de 6 milímetros de diâmetro. No entanto, o vídeo que o robô submarino gravou mostra a nova espécie de lula a chocar ovos com o dobro do tamanho convencional.
“Tecnologias avançadas como o robô submarino ajudam-nos a compreender melhor a vida das espécies de lulas do fundo do mar, revelando novas e fascinantes informações. A cada nova observação, encaixamos uma peça neste puzzle”, salientou Henk-Jan Hoving, co-autor do estudo.
Normalmente, uma lula mãe gasta muita energia ao chocar ovos e acaba por morrer após as crias nascerem. Ainda assim, o “seu sacrifício amplia a probabilidade de as crias sobreviverem”, explicou o cientista.
A equipa do MBARI foi a primeira a observar o comportamento de criação de uma lula de águas profundas. Durante mais de 37 anos de exploração em alto mar, os ROVs registraram 17 observações de reprodução de lulas, mas o espécime observado no Golfo da Califórnia chamou a atenção dos investigadores.
Ao analisar as imagens de vídeo e ao estudar espécimes de lulas de aparência semelhante recolhidos em expedições anteriores, a equipa determinou que se tratava provavelmente de uma espécie não descrita da família Gonatidae.
Além da dimensão dos ovos, foi possível perceber que a lula observada incubava muito menos ovos do que outras lulas Gonatus. Os cientistas estimaram que carregava entre 30 e 40 ovos, enquanto as lulas Gonatus vistas no passado incubavam até 3.000 ovos por vez.
O artigo científico foi recentemente publicado na Ecology.