Está a chegar a Internet das finanças, ou a Finternet, um novo modelo para as transacções financeiras que pode revolucionar o sector.
“O protocolo da Finternet será diferente de tudo o que vimos até hoje no sector financeiro”, considera o professor Paulo Cardoso do Amaral da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa num artigo de opinião no Jornal Económico.
Este novo modelo para uma “rede interconectada de ecossistemas financeiros” foi apresentado ao mundo por Agustín Carstens, director-geral do Bank for International Settlements (BIS) e ex-Governador do Banco do México, e Nandan Nilekani, presidente e fundador da Autoridade de Identificação Única da Índia, num relatório do próprio BIS.
O BIS tem sede na Suíça e é uma espécie de Banco Central dos Bancos Centrais.
Nandan Nilekani diz que a Finternet apresenta “uma estrutura visionária para capacitar indivíduos e empresas, colocando-os no centro das suas vidas financeiras”, como escreveu na rede social X, o antigo Twitter, divulgando em primeira mão como deverá funcionar esta Internet das finanças.
Mas o que é a Finternet?
Este novo modelo é um sistema que vai permitir a “indivíduos e empresas transferir qualquer activo financeiro, em qualquer valor, a qualquer momento, usando qualquer dispositivo, para qualquer outra pessoa, em qualquer lugar do mundo”, explica Carstens em declarações ao Economic Times numa resposta por e-mail.
“As transacções financeiras seriam baratas, seguras e quase instantâneas” e “estariam disponíveis para qualquer pessoa”, acrescenta o director do BIS.
Isto passará pela “capacidade de criar uma representação digital de activos físicos, como títulos, propriedades ou poupanças de um banco”, nota ainda Carstens, explicando que “esses tokens digitais são reunidos em plataformas programáveis que podem desencadear acções automatizadas, como o pagamento que desencadeia a venda de um activo”.
Como funciona?
A base da Finternet é uma abordagem centrada no utilizador, tirando partido dos avanços tecnológicos e de um sistema de governança sólida.
“O protocolo da Finternet incluirá todas as ligações necessárias à lei respeitantes a todos os intervenientes nas transacções, desde a identificação jurídica tokenizada, os agregados monetários para as transferências de valor também tokenizados, e todos os direitos e garantias sobre os activos financeiros em causa, também devidamente tokenizados”, explica Paulo Cardoso do Amaral.
Por que é revolucionária?
“O protocolo da Finternet será diferente de tudo o que vimos até hoje no sector financeiro quanto ao relacionamento entre as suas instituições, devido às propriedades de auto-execução das DLT [Distributed Ledger Technology] associadas à inviolabilidade e persistência dos registos distribuídos”, destaca o professor da Universidade Católica.
A DLT é uma tecnologia de registo descentralizado de informação numa rede de bases de dados que é detida por várias entidades, não existindo uma administração central.
A diferença da Finternet “é substancial, pois o cumprimento da lei e de todos os acordos entre as partes passam a ser suportados por tecnologia pura em vez das organizações de hoje”, acrescenta Paulo Cardoso do Amaral.
Trata-se, no fundo, de uma descentralização burocrática e uma espécie de evolução da tecnologia blockchain que serve de base às transacções com criptomoedas, como a Bitcoin.
Com a Finternet vai ser possível “reduzir os processos complexos que acontecem nos bastidores” e que tornam “as transacções mais lentas e caras”, salienta também Carstens.
Contudo, nesta fase, ainda é preciso desenvolver regulação robusta e garantir a supervisão para que o dinheiro não perca o seu valor, conclui o director-geral do BIS.
Se eu entendi direito, isso vai ser muito parecido com o PIX, que temos aqui no Brasil, e que nos permite transferir dinheiro de qualquer banco pra qualquer pessoa em segundos.
Isso já existe, chama-se Blockchain. Tanto disseram mal das criptomoedas e agora… É um caso do tipo “se não os podes vencer, junta-se a eles”
XRP, ou outra coisa qq parecida…