Um grupo de oito bisontes europeus foi translocado para o Norte de Portugal no âmbito de um ambicioso projeto de rewilding.
Algo grande está a chegar a Portugal. E quando dizemos grande queremos dizer supergrande: oito exemplares de bisonte europeu.
O bisonte europeu é o maior mamífero da Europa. Um macho grande pode pesar uma tonelada, ter 2 metros de altura ao nível dos ombros e medir entre 2,1 e 3,5 metros de comprimento.
Estes enormes herbívoros encontravam-se outrora em grande parte da Europa de planície, mas a caça e a perda de habitat fizeram-se sentir e, com o tempo, a sua área de distribuição foi reduzida a zonas do leste e nordeste da Europa.
Finalmente, em 1927, o último bisonte europeu selvagem foi abatido no Cáucaso.
Felizmente, 54 animais permaneceram vivos em cativeiro, e a espécie foi salva com um projeto de criação em cativeiro e, mais tarde, um programa de rewilding com o primeiro bisonte libertado na floresta de Białowieża, na Polónia, em 1954.
Atualmente, estima-se que existam cerca de 9 000 bisontes selvagens em liberdade na Europa, a maioria dos quais na Bielorrússia e na Polónia. Em 2020, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) alterou o estatuto de conservação do bisonte de Vulnerável para Quase Ameaçado.
Agora, uma manada de oito bisontes foi transferida na semana passada da Polónia para o Grande Vale do Côa, no norte de Portugal, onde, após um período de aclimatação, será eventualmente libertada nas Termas de Monfortinho e na Herdade do Vale Feitoso, com 7 600 hectares.
Assim que os bisontes estiverem instalados na sua nova casa, as pessoas poderão vê-los como parte de uma iniciativa de turismo de vida selvagem criada sob a orientação da Rede Côa Selvagem, uma rede de mais de 50 empresas baseadas na natureza no Grande Vale do Côa e arredores.
“Estamos a encarar esta translocação como um piloto”, explica à Geographical o biólogo Pedro Prata, da Rewilding Portugal, uma das organizações que apoiaram a translocação.
Os bisontes vão ser monitorizados de perto, para verificar que se aclimatam à paisagem e ao clima locais.
“Esta é a primeira vez que a equipa da Rewilding Portugal gere bisontes, por isso é um processo de aprendizagem para nós também. Os membros da equipa receberão formação em gestão de bisontes”, acrescenta o biólogo.
A Rewilding Portugal é também responsável pelo projeto que está a tentar ressuscitar o mítico auroque, o ancestral do gado doméstico, que desapareceu em 1627, após a morte dos últimos espécimenes na Polónia.
Espera-se que, ao percorrerem a propriedade, os bisontes promovam a biodiversidade e ajudem a paisagem a fixar mais carbono atmosférico.
Como grandes herbívoros, estes animais diminuirão o risco de incêndios florestais, reduzindo a vegetação inflamável, criando corta-fogos naturais e abrindo áreas florestais, o que permite a entrada de mais luz e o crescimento de erva em vez de mato.
No entanto, há um elemento de controvérsia neste projeto específico de rewilding: o bisonte europeu, que viveu predominantemente no centro da Europa, teve apenas uma presença residual, ao longo da história, no norte de Portugal e da Península Ibérica.
Os apoiantes do projeto afirmam, porém, que foram encontrados na região vestígios do bisonte das estepes, há muito extinto, do qual descendem todos os bisontes atuais.
Portanto, introduziram uma espécie exótica e chamam a isto conservação da natureza?! Eu chamo-lhe delírios…
Os bisontes exóticos provavelmente olharão para os muflões que já lá existem (ou existiam) e deverão achar que chegaram a um jardim zoológico.
O que eu não sei é se gostarão assim tanto do clima…. É que as temperaturas da Beira Baixa não são bem iguais às da Europa Central, ou às do norte de Espanha em período próximo de período glaciar.
Para próxima aquisição, sugiro pinguins. O rio Erges não fica muito longe e, além do mais, os pinguins também tiveram um ancestral que originou algumas espécies de aves que já existiram em Portugal. Mais ou menos como esta história dos bisontes…
Não comento, mas deixo algumas perguntas incómodas, para as quais gostaria de obter respostas de quem de direito:
1. O estudo de impacto ambiental da introdução – exigido por lei, salvo cabal justificação que a isente – é de acesso público e pode ser consulta, para nossa elucidação?
2. Esse estudo foi devidamente supervisionado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), e por ele aprovado, como a lei impõe?
3. O argumento de os bisontes reduzirem o risco de incêndio na vegetação tem algum fundamento científico e bibliográfico, designadamente na vertente da ação desta espécie sobre a vegetação mediterrânea (tem isso, trata-se seguramente de informação gratuita e suspeita de publicidade enganosa)?
Estas questões, e não a suposta e duvidosa espetacularidade da introdução de bisontes europeus na Península Ibérica (onde talvez pouco ou nada tenham estado), é que deviam preocupar os cidadãos: o que é que andam a querer fazer com o meu País?
E às perguntas do sr. Antônio Falcão eu acrescento mais uma:
Quem é que vai pagar os prejuízos que venham a acontecer na agricultura?
E se é mencionado Norte de Portugal, porque são introduzidos na região centro?
E eu mais uma.
O local para onde foram transferidos está devidamente vedado?
Regresso????
De regresso não estão de certeza, pois esta espécie nunca esteve presente em Portugal