Apesar de Biden ter ameaçado deixar de enviar armas caso Israel atacasse Rafah, a Casa Branca considera que os recentes bombardeamentos não violam esta exigência.
As forças israelitas terão usado armas norte-americanas no ataque de domingo a um campo de refugiados em Rafah, que causou pelo menos 45 mortos e mais de 200 feridos. A maioria das vítimas foram crianças e mulheres, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
De acordo com uma análise de especialistas a vídeos do ataque para a CNN, o incêndio terá sido causado pelo uso de armamento fornecido pelos Estados Unidos a Israel. As imagens mostram ainda corpos queimados, incluindo de crianças, a serem arrastados das chamas.
A CNN localizou geograficamente vídeos que mostram tendas em chamas após o ataque e consultou quatro especialistas em armas descobriu a cauda de uma bomba de pequeno diâmetro (SDB) GBU-39 fabricada nos EUA.
O especialista em armas explosivas Chris Cobb-Smith refere que esta bomba é “projectada para atacar alvos pontuais estrategicamente importantes”, mas terá sempre grandes riscos “numa área densamente povoada”.
A escalada de Israel contra Rafah, para onde mais de 1,3 milhões de palestinianos fugiram depois da ofensiva das forças israelitas no norte de Gaza, está a ser condenada internacionalmente por organizações humanitárias e pelo Tribunal Internacional de Justiça. Joe Biden inclusivamente ameaçou cortar o fornecimento de armamento a Israel caso a nação judaica avançasse contra Rafah.
No entanto, na reacção ao recente ataque, a Casa Branca avançou que vai manter o seu apoio ao Governo de Benjamin Netanyahu. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse aos jornalistas que os EUA não estavam a “fechar os olhos” à situação dos civis palestinianos, mas que o ataque não ultrapassa as “linhas vermelhas” de Biden.
“Os israelitas disseram que isto foi um erro trágico. Dissemos que não queremos ver uma grande operação terrestre em Rafah que tornaria realmente difícil para os israelitas atacarem o Hamas sem causar grandes danos e potencialmente um grande número de mortes. Nós não vimos isso ainda“, afirma.
Os EUA são há muito o maior fornecedor de armas a Israel, de acordo com dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), e esse apoio continuou apesar da crescente pressão política sobre a administração Biden por causa da ofensiva em Gaza.
No mês passado, Biden assinou um projeto de lei de ajuda externa que incluía 26 mil milhões de dólares para o conflito Israel-Hamas – incluindo 15 mil milhões de dólares em ajuda militar israelita, 9 mil milhões de dólares em ajuda humanitária para Gaza e 2,4 mil milhões de dólares para operações militares regionais dos EUA.
Pronto, eles dizem que foi um erro, então já não há problema nenhum. Amanhã estão a fazer igual.
Bombardear uma zona marcada como “segura”, onde só estão refugiados, não é considerado “ultrapassar a linha”. Sim, para alguém que sacrificou pessoas do próprio país ao encenar um ataque terrorista para poder invadir outros países, sem dúvida que isto não é nada.