Gorilas têm um pénis pequeno — e isso pode explicar a infertilidade nos homens

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Pixabay / Pexels

Investigadores da Universidade de Buffalo identificaram agora a mutação genética responsável pelo pénis pequeno dos gorilas.

Com uma altura de até 1,80 metros e um peso de cerca meia tonelada, os gorilas estão entre as criaturas mais formidáveis do reino animal. No entanto, apesar da sua estatura impressionante, os gorilas machos têm órgãos genitais surpreendentemente pequenos. Em média, o pénis do gorila mede apenas 2,8 centímetros, o mais pequeno de todos os macacos.

Os gorilas machos têm pénis e testículos pequenos e produzem uma quantidade relativamente baixa de esperma. Estudos anteriores atribuíram estas características ao seu sistema de acasalamento poligínico.

Num grupo de gorilas, o macho alfa dominante, que é significativamente maior do que os outros machos, tem acesso quase exclusivo às fêmeas. Esta estrutura social significa que o esperma do macho alfa não compete com o esperma de outros machos no trato reprodutivo feminino.

“Há duas formas de competir por fêmeas: ou se usa o corpo ou se usa o esperma”, explicou Vincent Lynch, autor principal estudo, citado pelo Daily Mail. “A maioria dos mamíferos usa uma combinação de ambos. Os gorilas usam apenas o corpo”.

Os investigadores sugerem que esta falta de competição de esperma levou à evolução de pequenos testículos e baixa contagem de esperma nos gorilas.

“Temos um conjunto de genes que estão envolvidos na biologia do esperma e que têm as assinaturas de mutações nocivas nos gorilas”, afirmou o Lynch. “Podemos então analisar esses mesmos genes em homens inférteis para ver se têm mutações semelhantes. Aqui, o genoma do gorila funciona essencialmente como uma ferramenta de descoberta para encontrar genes candidatos para a fertilidade masculina humana que anteriormente não teríamos sido capazes de identificar”.

Os investigadores analisaram mais de 13 mil genes em 261 espécies de mamíferos. Descobriram que 578 destes genes apresentavam as mesmas assinaturas que os da linhagem do gorila. O estudo foi publicado este mês na revista eLife e contou com a colaboração da Universidade de Lisboa e do Instituto Gulbenkian de Ciência.

Para testar os efeitos destes genes na fertilidade, a equipa utilizou a edição de genes para os eliminar em moscas da fruta. Eles descobriram que a remoção destes genes prejudicava a função reprodutiva das moscas macho. De seguida, os investigadores compararam os genes dos gorilas com os de 2.100 homens inférteis e identificaram 109 genes ligados à perda de função nos homens.

“Há apenas alguns anos, não havia genomas sequenciados e poder de computação suficientes para realizar este tipo de estudos”, observou Lynch. “À medida que a ciência recolhe mais dados genéticos, teremos uma melhor compreensão da razão pela qual a infertilidade acontece”.

ZAP //

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