Coincidência feliz no Brasil: havia simulacro no dia do início da tragédia

André Borges / EPA

Cheias no Rio Grande do Sul

Temporais atingem o Rio Grande do Sul há quase um mês. No dia em que Santa Maria foi atingida, 1.500 militares já estavam lá.

O Rio Grande do Sul está há quase um mês a atravessar uma das piores fases da sua história. Talvez a pior.

A meteorologia tornou-se de repente uma inimiga, a uma escala inédita naquele Estado do Brasil. É uma tragédia sem precedentes, descrevem os locais.

Os temporais, as cheias, já causaram oficialmente 161 mortos, mas ainda há 82 pessoas desaparecidas. Estima-se que ainda muitos mais cadáveres possam aparecer durante os trabalhos de resgate.

Há 806 feridos e um número impressionante de 653 mil pessoas que ficaram sem casa. Mais de 2 milhões de pessoas foram afectadas. Só 30 dos 497 municípios escaparam.

A coincidência

Santa Maria foi uma das muitas cidades atingidas. No dia 30 de Abril, a cidade no centro do Estado foi o palco de um… simulacro.

Já estava marcado: um exercício de prontidão, para simular a preparação de 1.500 militares para uma missão iminente.

Ainda bem que lá estavam.

Miriam Leitão conta na Globo que o comandante do Exército, Tomás Paiva, e o ministro da Defesa, José Múcio, repararam logo durante a viagem que algo estava a acontecer: o avião foi atingido por um raio.

Essa viagem foi feita na véspera, dia 29 de Abril; precisamente o dia em que a catástrofe começou no Rio Grande do Sul. O avião teve dificuldades para aterrar.

O exercício militar foi realizado mas, logo a seguir, “a chuva caiu como se fosse uma parede”, descreve quem estava lá. Não era uma chuva normal.

Ou seja, o que seria uma simulação passou a ser uma missão real. Imediatamente. Porque o cenário era “assustador”, confessou o ministro José Múcio.

Os 1.500 militares (e os reforços imediatos) passaram logo à acção: veículos de seis rodas, anfíbios, começaram a tentar salvar pessoas no meio das inundações.

Também utilizaram esses veículos especiais para recuperar (ou desligar) a rede eléctrica.

Ao todo, 33 mil militares participam nas operações, entre resgate, logística, fornecimento alimentar ou pontos de passagem alternativa. 1.200 carros, 120 lanchas, 60 aeronaves, dois navios da Marinha.

O comandante do Exército, Tomás Paiva, resumiu: “A dimensão do esforço é proporcional ao tamanho da tragédia provocada pelas águas”.

ZAP //

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