Oceanos cada vez mais quentes lançam ondas de calor nas praias do Indo-Pacífico

As intensas vagas de calor que tem surgido desde o final de março não surpreende os meteorologistas, que têm vindo a alertar para o aumento constante das temperaturas no Oceano Índico.

As temperaturas nas Filipinas e na Tailândia ultrapassaram os 50º graus este mês, enquanto o Bangladesh registou quase 30 dias de ondas de calor, o que levou a um grande número de mortes devido à insolação.

Segundo o SciDev.Net, os cientistas afirmam que as ondas de calor estão ligadas às alterações climáticas e ao aquecimento dos oceanos, que poderão provocar fenómenos meteorológicos mais graves, como os ciclones.

Um novo estudo, recentemente publicado na Science Direct, prevê que as ondas de calor marítimas aumentem de 20 dias por ano para 250 dias por ano.

“Embora o aquecimento abranja toda a bacia, o noroeste do Oceano Índico, incluindo o Mar Arábico, registará um aquecimento máximo, enquanto a intensidade será reduzida ao largo das costas de Sumatra e Java, no sudeste do Oceano Índico”,  afirma o primeiro autor do estudo, Roxy Koll.

As mudanças projetadas nas temperaturas à superfície têm implicações para os ciclones e outros fenómenos meteorológicos extremos na região do Indo-Pacífico.

“As emissões médias a elevadas de gases com efeito de estufa farão provavelmente com que o Oceano Índico registe um aquecimento da superfície entre 1,4 e 3ºC em 2100.”, afirma Koll.

Enquanto as médias de temperaturas máximas da bacia do Oceano Índico durante 1980-2020 se mantiveram abaixo dos 28ºC, as temperaturas mínimas no final do século XXI serão superiores a 28ºC, segundo prevêem os modelos climáticos.

Outras consequências do aquecimento dos oceanos incluem o branqueamento de corais, a destruição de ervas marinhas e a perda de florestas de algas, com um impacto grave no sector das pescas, afirma.

Ainda recentemente, o ZAP deu notícia de que o branqueamento de corais estão a generalizar-se em vários recifes de coral importantes em todo o mundo.

A atual vaga de calor afetou gravemente o leste da Índia e países do sudeste asiático como o Camboja, Myanmar, Filipinas, Tailândia e Vietname, que registaram temperaturas recorde que atingiram os 48ºC.

Neste ano, o índice de calor mais elevado registado nas Filipinas atingiu 53°C em 28 de abril, ainda longe do recorde de 60°C em 14 de agosto de 2023. Na Tailândia, as temperaturas também ultrapassaram os 50°C, causando pelo menos 40 mortes por insolação e provocando estragos em pomares e explorações avícolas.

Em 28 de abril, o Bangladesh registou 29 dias de ondas de calor, ultrapassando o anterior máximo de 23 dias de ondas de calor em 2019. Desde então, as temperaturas baixaram o necessário para as autoridades reabrirem as escolas.

Outro estudo, liderado por Jayanarayanan Kuttippurath, sugere que tem havido um aumento contínuo da humidade atmosférica, que amplifica o aquecimento e, consequentemente, as ondas de calor.

Existem outras variabilidades climáticas que podem aumentar ou atenuar estas alterações no clima regional, mas o aquecimento global e as alterações climáticas serão os principais fatores responsáveis por ondas de calor graves no futuro.

Soraia Ferreira,ZAP //

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