Uma nova investigação sugere que as células envelhecidas da placenta estão associadas a um maior risco de as grávidas sofrerem de cardiomiopatia pós-parto.
Um estudo inédito publicado na revista Science Translational Medicine identificou que as “células zombie” da placenta podem desempenhar um papel fundamental na cardiomiopatia pós-parto (CPP), um tipo de insuficiência cardíaca que ocorre no final da gravidez ou pouco depois do parto.
Esta doença, que afeta a capacidade do coração para bombear sangue de forma eficiente, pode variar entre ligeira e mortal, afetando aproximadamente 1 em cada 1000 nados-vivos nos EUA e 1 em cada 100 na Nigéria.
A equipa centrou-se no processo de envelhecimento biológico da placenta e na sua potencial ligação à PPCM e descobriu um aumento significativo das proteínas relacionadas com a senescência no sangue de pacientes com PPCM ou pré-eclampsia — uma condição caracterizada pela pressão arterial elevada durante a gravidez, explica o Live Science.
O estudo comparou os níveis de proteínas em amostras de sangue de vários grupos, incluindo aqueles com gravidezes sem complicações, problemas do músculo cardíaco não relacionados com a gravidez e diabetes gestacional.
Os resultados revelaram que as pacientes com PPCM ou pré-eclampsia apresentavam não só níveis mais elevados de proteínas relacionadas com a inflamação, mas também sinais de envelhecimento biológico acelerado, apesar de estarem na casa dos 20 ou 30 anos.
Entre as proteínas identificadas, a Activina-A estava notavelmente elevada e foi anteriormente associada a insuficiência cardíaca e problemas cardíacos em adultos mais velhos e doentes com covid-19.
O estudo demonstrou que níveis elevados de Activina-A estão correlacionados com uma função cardíaca deficiente e insuficiência cardíaca em dois grupos independentes de mulheres diagnosticadas com pré-eclampsia ou PPCM.
Além disso, os investigadores realizaram experiências em ratinhas grávidas propensas a PPCM, testando métodos para bloquear a Activin-A tanto no início como no final da gravidez. Estes testes revelaram uma redução drástica na incidência de insuficiência cardíaca, sugerindo potenciais novas abordagens de tratamento para a PPCM.
Embora estes resultados sejam promissores, os mecanismos exatos através dos quais a senescência da placenta contribui para a PPCM continuam por esclarecer, sendo precisas pesquisas adicionais.