A transferência de bactérias saudáveis através de um “transplante fecal” poderia ser usada para melhorar os sintomas da doença de Parkinson .
A microbiota do nosso intestino é absolutamente essencial, interferindo em diversos aspetos da nossa saúde, como a imunidade ou a qualidade do sono.
Um estudo recente permitiu descobrir que melhorar a flora intestinal pode reduzir os sintomas de pessoas com Parkinson, através de um transplante de fezes.
O estudo revelou que este transplante, também conhecido como transplante de microbiota fecal, foi capaz de reduzir os distúrbios de movimento característicos da condição, sendo que os resultados foram observados durante mais de 12 meses após o procedimento.
“Os nossos resultados são realmente encorajadores”, reagiu o neurologista Arnout Bruggeman, da Universidade de Ghent, citado pelo Science Alert.
O processo é muito simples e tem como objetivo transferir bactérias intestinais de um doador saudável para uma pessoa que está com a flora danificada. O transplante foi administrado pelo nariz dos pacientes para atingir o intestino delgado
O estudo clínico duplo-cego contou com a participação de 46 pacientes, divididos em dois grupos: o primeiro, com 22 pessoas, recebeu fezes de doadores saudáveis, enquanto o grupo de controlo recebeu as suas próprias fezes.
A melhora dos sintomas demorou a aparecer, tendo sido observada nas consultas após seis meses, com crescimento após um ano. Isto sugere um efeito duradouro do impacto da mudança na microbiota intestinal.
Os cientistas da universidade belga acreditam que a melhoria dos sintomas da doença pode estar relacionada com as alterações no movimento intestinal e na sua relação com a produção de hormonas e regulação do funcionamento do cérebro, mas são necessárias mais investigações para determinar a explicação.
O artigo científico com os resultados foi publicado, em março, na eClinicalMedicine.