Os portugueses estão a fumar mais e a jogar mais a dinheiro. Ainda assim, o álcool continua a ser a substância psicoativa mais consumida em Portugal.
Quem não tem dinheiro também tem vícios.
Os portugueses estão mais viciados em tabaco e jogos da sorte.
A conclusão é do V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral, Portugal 2022, divulgado esta quarta-feira, pelo o Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD).
Apesar do vício crescente no tabaco e em jogos da sorte, o álcool continua a ser a substância psicoativa mais consumida em Portugal.
Três em cada quatro pessoas (75,8%) entre os 15 e os 74 anos tiveram pelo menos uma experiência de consumo de álcool ao longo da vida.
O valor está próximo dos registados ao longo dos últimos 20 anos, uma série quebrada apenas em 2017, quando a taxa chegou aos 86,4%. Os investigadores atribuem esse aumento às declarações de consumo feitas pelas mulheres, que dispararam nesse ano.
Há mais fumadores
O estudo mostra também que há mais pessoas a fumar tabaco: “A prevalência do consumo de tabaco aumentou, entre 2017 e 2022, de 48,8% para 51%”.
Se no relatório de 2001 a prevalência era de 40%, o número de pessoas que admitiu ter fumado alguma vez na vida foi aumentando, aproximando nos últimos anos nos 50%, e atingindo agora os 51%.
Também há mais consumidores habituais: A percentagem de pessoas que admite ter fumado no último mês “aumentou ligeiramente em 2022, atingindo 31,9% contra 30,6% no estudo anterior (2017)”, lê-se no relatório.
Já entre as substâncias psicoativas ilícitas, a percentagem de pessoas que diz ter experimentado é de 11,2%, sendo a canábis a mais consumida, com 10,5% dos inquiridos a admitir que já tinham experimentado, dos quais 2,4% tinham usado no último ano e 2% no último mês. As restantes substâncias apresentam prevalências ao longo da vida de entre 0,9% (cocaína) e 0,2% (novas substâncias psicoativas).
“As prevalências de consumo entre a população geral são superiores entre os inquiridos do sexo masculino independentemente da substância psicoativa considerada, exceção para os medicamentos”, refere o estudo.
No que toca ao consumo de medicamentos, os sedativos, tranquilizantes ou hipnóticos apresentam uma prevalência de 14,2%, enquanto os estimulantes foram consumidos por 1,1% da população e os analgésicos opioides por 7,5%.
E mais pessoas à procura da “sorte”
Além do consumo de substâncias psicoativas, os investigadores analisaram outros comportamentos de risco, como as práticas de jogos de fortuna e azar e a utilização da Internet.
Quanto aos comportamentos aditivos sem substância, a prevalência da prática de jogos a dinheiro, que tinha registado uma descida de quase vinte pontos percentuais entre 2012 e 2017, voltou a subir.
“A prevalência de jogos de fortuna ou azar (jogos a dinheiro) é de 55,6% na população residente em Portugal”, quando em 2017 era de 48,1%.
“O jogo do Euromilhões é o que regista a prevalência mais elevada. A prevalência do jogo é mais elevada entre os homens do que entre as mulheres”, refere o relatório.
O estudo acrescenta ainda que a prevalência da prática de jogos eletrónicos nos últimos 12 meses é, em 2022, de 8,8% na população residente em Portugal.
ZAP // Lusa