Tratar o hospedeiro para prevenir a transmissão do vírus a outro hospedeiro, impedindo que as partículas virais se liguem a moléculas de açúcar, pode evitar uns quantos espirros a mais, conclui novo estudo.
Cientistas desenvolveram uma nova abordagem para combater a propagação da gripe A, importante contribuidor para os surtos de gripe sazonal.
A investigação centrou-se em impedir que as partículas virais se liguem a moléculas de açúcar conhecidas como ácidos siálicos (SAs) nas superfícies celulares do trato respiratório — um passo crítico tanto na iniciação da infeção quanto na sua transmissão.
Ao empregar uma enzima neuraminidase para remover os recetores de SA nas cavidades nasais de ratinhos bebés, os investigadores conseguiram reduzir dramaticamente a taxa de transmissão da gripe.
Esta enzima perturba a capacidade do vírus da gripe de se fixar e deixar as células hospedeiras, cortando as taxas de transmissão em mais de metade através de várias estirpes de influenza.
O estudo publicado no American Society for Microbiology journal a 11 de janeiro destaca o potencial de visar mecanismos do hospedeiro para prevenir a gripe, em vez de se focar apenas no vírus em si.
A escolha de ratinhos bebés para a experiência foi estratégica: os seus tratos respiratórios são ricos nos ácidos siálicos, tornando-os um modelo eficaz para compreender a propagação da gripe entre crianças, consideradas vetores-chave nos surtos de gripe devido à sua alta suscetibilidade e comportamentos sociais que facilitam a transmissão.
“Se experiências adicionais em humanos provarem ser bem-sucedidas, enzimas neuraminidase desialilantes podem prevenir a propagação da gripe”, disse a investigadora principal e especialista em doenças infecciosas, Mila Ortigoza, citada pelo Scitech Daily.
“Enquanto as abordagens atuais com vacinas e tratamentos visam o vírus, o nosso é o primeiro estudo a demonstrar que tratar o hospedeiro, seja ratos infetados ou potencialmente humanos infetados, para prevenir a transmissão do vírus a outro hospedeiro, poderia ser outra estratégia eficaz para combater doenças infecciosas pervasivas,” concluiu Ortigoza.