A Rússia reinventou o desaparecido Grupo Wagner

Grupo tornou-se subordinado de Putin e renasceu com um novo nome: “Exército de África”, onde Putin está a oferecer um “pacote de sobrevivência do regime” em troca de acesso a valiosos recursos naturais.

Depois da morte do líder mercenário russo Yevgeny Prigozhin, num acidente de avião que teve lugar pouco depois da sua tentativa fracassada de motim contra o regime do presidente russo Vladimir Putin, pouco ou nada se ouviu falar sobre o Grupo Wagner.

Peça fundamental na invasão da Ucrânia e responsável pela supervisão de milhares de milhões de dólares de empresas e projetos do Kremlin em África e no Médio Oriente, o grupo de mercenários está agora a sofrer uma “metamorfose” em África, como parte de um esforço do Kremlin para juntar os seus “pedaços” e voltar a colocá-lo sob o comando total de Putin.

A transformação terá começado apenas horas depois de ser travado o motim sobre Moscovo, que ditou a queda de Prigozhin, avançou o The Wall Street Journal.

“Botas russas não oficiais continuam a operar no terreno” de regiões de África e Médio Oriente, com as atividades do grupo na República Centro-Africana (CAR), Líbia, Mali, Sudão e Burkina Faso, entre outros, agora sob “supervisão direta” do Ministério de Defesa russo, de acordo com o The Conversation., sob o nome de Africa Corps (ou, em português, Exército de África).

O plano russo em África

O Exército, também mencionado como “Corpo Expedicionário Russo”, é agora liderado pelo chefe de uma unidade secreta especializada em assassinatos direcionados, o General Andrey Averyanov, responsável, por exemplo, pela tentativa de envenenamento do ex-oficial de inteligência militar russo Sergei Skripal, em 2018.

A chegada do novo Corpo de África a essas regiões aponta para “uma expansão e formalização da presença militar do Kremlin na região do Sahel”, uma causa que “será promovida pela instalação de uma base militar na RCA”, confessam analistas do Centro de Estudos do Leste em Varsóvia à CNBC.

O mesmo centro alerta ainda para a rapidez com que estes soldados se inscreveram no novo projeto orquestrado pelo Kremlin — têm “pouca lealdade à própria empresa após a queda de Prigozhin e estariam dispostos a lutar por qualquer organização apoiada pelo Kremlin que exista em África”.

No fundo, “os mercenários preocupam-se mais com o resultado final do que com um alinhamento ideológico com Prigozhin”, concluem, em declarações à Business Insider.

De acordo com documentos internos do governo russo revistos pela BBC, o governo de Putin está a oferecer um “pacote de sobrevivência do regime” em troca de acesso a recursos naturais estrategicamente importantes — uma das estratégias para assumir os negócios do grupo mercenário com um objetivo maior: afastar empresas ocidentais da valiosa área, manipulando as leis de mineração na África Ocidental.

Apesar dos recentes relatos da chegada de novos soldados com o emblema Wagner à Crimeia, Putin está mesmo a a apertar o controlo sobre o que resta do grupo.

As tropas do grupo previamente liderado por Prigozhin têm vindo a ser absorvidas pela guarda nacional da Rússia, Rosgvardia, de acordo com uma atualização do Ministério da Defesa do Reino Unido este mês, e estará a ser construída uma nova sede para o grupo perto de um quartel russo. Estará Putin com receio de uma nova rebelião?

ZAP //

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