Um novo estudo diz ter provado que as corujas não têm traços anatómicos que as impeçam de rodar a cabeça a 360 graus. Se, de um lado, há cientistas que admitem a veracidade desta descoberta; do outro, há muitos que a contestam.
Um estudo publicado recentemente no Journal of Morphology sugere que as corujas podem ser capazes de rodar a cabeça a 360 graus.
Esta hipótese, baseada numa análise dos esqueletos e músculos de oito corujas de cinco espécies diferentes, está a levantar dúvidas e a gerar vários debates, dentro da comunidade científica.
Há muito que se sabe que as corujas têm pescoços extremamente flexíveis, sendo, por exemplo, muitas vezes observadas a virar a cabeça totalmente para baixo ou a rodá-la a 270 graus, enquanto mantêm os seus corpos imóveis.
Michael Habib do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles – especialista nesta matéria e alheio ao estudo – enaltece o trabalho, mas expressa dúvidas quanto à capacidade de “rotação completa” das corujas.
Apesar dos cientistas do novo estudo terem descrito, na sua publicação, a inexistência de um osso ou músculo que impede a volta de 360 graus, Michale Habib suspeita que outras características anatómicas das corujas impediriam tais rotações – nomeadamente os nervos no pescoço.
Citado pela New Scientist, Habib diz que os nervos que sobem pelo pescoço seriam danificados durante uma rotação de 360 graus, podendo deixar as corujas incapazes de voar por vários dias enquanto os nervos cicatrizavam: “Os nervos não gostam de ser esticados”, explicou.
Ao contrário do que é fundamentado por Michael Habib, os investigadores do estudo mais recente argumentam que os nervos importantes não seriam “exageradamente” esticados, devido à sua posição sobre os músculos do pescoço.
Como tirar as teimas?
Para resolver este debate científico, os investigadores sugerem mais experiências – mas agora com corujas vivas.
Um dos métodos sugeridos envolve treinar corujas para se manterem focadas num alvo, enquanto rodam numa plataforma. O objetivo é observar se estas aves conseguem acompanhar o alvo através de uma volta completa de 360 graus.
Tais experiências poderiam ajudar a esclarecer a verdadeira extensão da capacidade de rotação da cabeça das corujas, ajudando a dissipar as eternas dúvidas sobre este aspeto tão intrigante da anatomia desta ave de rapina tipicamente noturna.