Uma equipa de cientistas encontrou antigos fósseis de euglenóides escondidos num “extenso registo de papel” de investigação científica já publicada.
Os euglenóides, uma estranha fusão de vários seres vivos diferentes, são um grupo de eucariotas unicelulares que obtêm energia através da fotossíntese, como uma planta, e através do consumo de outros seres, como um animal.
Recentemente, uma equipa internacional de cientistas afirmou ter descoberto fósseis antigos de euglenóides escondidos num “extenso registo” de investigação científica já publicada.
Ao longo do tempo, estas criaturas têm sido erroneamento identificadas como possíveis ovos de vermes ou cistos de algas, devido às suas minúsculas “costelas” circulares. Segundo o Science Alert, apesar de estes organismos aquáticos se terem separado de outros eucariotas, o seu registo fóssil durante essa época da história na Terra não é conhecido.
As suas semelhanças ao longo dos anos têm deixado os especialistas muito confusos, uma vez que estes fósseis abrangem várias linhas temporais, desde há quase 500 milhões de anos até ao presente.
Andreas Koutsodendris, investigador da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, diz que se depara frequentemente com este tipo de fósseis ao analisar núcleos de perfuração de lagos na Grécia. “Na verdade, são comummente citados em publicações de colegas, mas ninguém foi capaz de os identificar.”
Em 2012, os paleontólogos Bas van de Schootbrugge e Paul Strother estavam a trabalhar na identificação de alguns microfósseis de sedimentos que datam da fronteira Triássico-Jurássico, há cerca de 200 milhões de anos, quando se aperceberam que os quistos circulares e estriados poderiam ser euglenóides.
Isto porque, em alturas de maior stress, estes organismos envolvem-se num quisto protetor, que se assemelha a uma impressão tridimensional do polegar, e entram num estado de dormência.
“Alguns dos microfósseis que encontrámos apresentavam uma grande semelhança com os quistos de Euglena, um representante moderno que tinha sido descrito por colegas eslovacos”, recorda Strother, que trabalha no Boston College. “O problema é que só havia uma publicação no mundo a fazer esta afirmação.”
Para descobrir se tinham razão, Strother e Van de Schootbrugge juntaram-se a outros paleontólogos dos Estados Unidos e do Reino Unido para passar a pente fino cerca de 500 fontes bibliográficas sobre fósseis do tipo Pseudoschizaea.
Utilizando técnicas microscópicas avançadas, os investigadores estabeleceram a estrutura destes quistos.
“Ficámos muito surpreendidos com a ultra-estrutura dos quistos“, referiu o paleontólogo Wilson Taylor, da Universidade de Wisconsin-Eau-Claire. “A estrutura da parede não se assemelha a nada do que se conhece. As nervuras não são ornamentos, como no pólen e nos esporos, mas fazem parte da estrutura da parede. A estrutura em camadas também é claramente diferente de muitas outras algas verdes de água doce.”
Agora que os investigadores estabeleceram uma possível linha temporal da vida euglenóide, Strother espera que seja mais fácil para os cientistas reconhecerem exemplos ainda mais antigos, possivelmente até aqueles que “remontam à própria raiz da árvore eucariótica da vida”.
O artigo científico foi publicado na Review of Palaeobotany and Palynology.