Jovem que expulsou jornalista de evento do Chega é militante da IL. Ventura quer investigação do MP

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Rui Minderico / Lusa

O líder do Chega, André Ventura

O jornalista já apresentou queixa à PSP por agressão. Ventura diz que a responsabilidade da entrada no evento era da Católica e pede que o Ministério Público investigue o caso.

Um dos jovens que expulsou à força um jornalista do Expresso de um evento do Chega na Universidade Católica com André Ventura é um militante da Iniciativa Liberal. De acordo com o Público, o aluno chama-se Ricardo Costa Amaro e é estudante de mestrado de Direito na Católica.

As redes sociais do estudante foram apagadas após ser abordado pelos jornalistas para prestar esclarecimentos sobre o sucedido. A IL, por sua vez, diz desconhecer sobre os detalhes do evento, mas “lamenta e condena qualquer tipo de violência” e frisa que “será sempre defensora da liberdade de imprensa”.

O jornalista em questão, cujo nome não foi divulgado, apresentou uma queixa por agressão à PSP e alega que tinha autorização para assistir ao evento, mas foi arrastado forçosamente para fora da sala, perdendo inclusive equipamento profissional no processo.

Este relato contrasta com as declarações de João Dias, presidente da Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos da UCP, que afirma que o evento não era aberto à imprensa e que o jornalista não tinha permissão para estar no local. “Em nenhum momento existiu agressão”, rejeita ainda.

O comunicado de imprensa do Chega para as redações informava que Ventura falaria aos jornalistas à entrada da Universidade e indicava apenas que não eram “permitidas câmaras dentro do auditório”.

A situação ganha contornos mais complexos com a posição da Católica, que condenou o incidente e acusou o Chega de fazer uma manipulação deliberada das regras do evento. Em resposta, o partido lamentou o sucedido, mas desvinculou-se da responsabilidade pela expulsão do jornalista, atribuindo a organização do evento aos anfitriões.

O caso também não passou despercebido ao Sindicato dos Jornalistas (SJ), que condenou a agressão e lembrou que se trata de um crime público que exige investigação e punição exemplar.

“Há centenas de testemunhas”

O presidente do Chega, André Ventura, disse esta quarta-feira esperar que o Ministério Público investigue a alegada agressão e afirmou que não se apercebeu do que estava a acontecer.

“Espero que Ministério Público veja mesmo o que aconteceu, porque há centenas de testemunhas“, afirmou o líder do Chega, numa conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.

André Ventura disse não se ter apercebido da situação e recusou responsabilidades, indicando que não há “nenhuma ligação” entre os jovens envolvidos e o partido.

Baseando-se em comentários nas redes sociais de “centenas de testemunhas”, alegou que, “aparentemente”, quando foi abordado para sair da sala, o jornalista “reagiu, provocando os jovens” que se dirigiram a ele.

“Agora, o Ministério Público tem de fazer o seu trabalho”, defendeu.

André Ventura recusou também ter existido intimidação por parte do seu segurança pessoal.

“Tanto quanto sei, não. Houve intervenção por parte de responsáveis da comunicação e do ‘staff’ para acalmar os ânimos e garantir que todos estavam em segurança”, afirmou.

O presidente do Chega indicou que a universidade transmitiu ao partido que “os jornalistas não estavam autorizados a entrar” e apesar de a convocatória apenas restringir o acesso a repórteres de imagem, outros órgãos de comunicação “não entraram, perceberam a mensagem”.

Questionado sobre declarações como as que fez no X (antigo Twitter) – “às vezes é preciso pôr os jornalistas no lugar” – podem incitar à violência, André Ventura recusou tratar-se de hostilidade e defendeu que “se os jornalistas falham, também há que o dizer”.

O presidente do Chega disse repudiar “qualquer agressão” e que “quem autorizou a entrada” no evento “não foi o Chega, foi a Católica”.

ZAP //

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4 Comments

  1. É simples ! ….nenhum Cidadão comum , tem o direito de utilizar a força contra quem quer que seja num evento . O Sr. Jornalista , recusa de sair , era da obrigação destes betinhos de chamar a GNR . Isso sim enquadrava-se num ato legal ! . Não o fizeram , quem é culpado é a U.C e o Organizador do estranho evento ! ..

  2. Quer dizer: estava proibida a presença de jornalistas! Estava lá um jornalista que pintou a macaca e não cumpriu o seu dever e a culpa é da organização? Não obstante as múltiplas tentativas de o convencer a abandonar a sala.
    Se eu entrar num casamento sem ser convidado ou tentar entrar num jogo de futebol sem bilhete tenho esse direito?
    Ai de quem ponha na rua, sem violência (que eu saiba ninguém bateu no jornalista!) um jornalista que não cumpre o seu dever deontológico?

  3. Caro Ex-Expresso , se bem li o artigo precedente , o Jornalista tinha sido autorizado a presenciar o evento por não ter nenhum operador de camara consigo . ……Entendam-se !….O fato de não recorrer a GNR para resolver o assunto , é duvidoso !

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