Irão acusa Israel e EUA e promete vingança após dupla explosão matar 95 pessoas

Abedin Taherkenareh / EPA

Explosões aconteceram no quarto aniversário do assassinato do general iraniano Qasem Soleimani

Explosões abalaram Kerman e deixaram 95 mortos e mais de 210 feridos esta quarta-feira. Explosões em cerimónia comemorativa em homenagem a arqui-inimigo dos EUA e Israel levantaram suspeitas.

Uma dupla explosão deixou 95 mortos e mais de 210 feridos na província de Kerman, no sul do Irão, perto do túmulo de Qassem Soleimani, quatro anos depois da morte deste general iraniano.

Um número anterior de 103 mortos foi revisto em baixa, depois das autoridades se terem apercebido que alguns nomes tinham sido repetidos numa lista de vítimas, adiantou o ministro da Saúde do Irão, Bahram Einollahi, em declarações à televisão estatal. Muitos dos feridos estão em estado crítico e o número de mortos pode, no entanto, ainda aumentar.

As explosões ocorreram com poucos minutos de intervalo e abalaram a cidade de Kerman, a cerca de 820 quilómetros a sudeste da capital, Teerão. A segunda explosão lançou estilhaços contra uma multidão que gritava e fugia da primeira explosão.

Os ataques aconteceram perto da mesquita Saheb al-Zaman, onde se encontra o túmulo do Soleimani, considerado um mártir e morto num atentado ordenado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. Uma multidão compacta de representantes do regime e de pessoas anónimas tinha-se reunido no local para uma cerimónia comemorativa, segundo a agência francesa AFP.

O ataque foi o mais mortífero no Irão desde a Revolução Islâmica, de 1979. O país tem sido alvo de ataques, com sabotagens e mortes, cuja autoria tem atribuído a Israel. Contudo, entre estes ataques nunca estiveram explosões dirigidas a aglomerados de pessoas, como o de agora. Grupos fundamentalistas sunitas, incluindo o Estado Islâmico, já realizaram ataques em larga escala, que causaram a morte a civis, no Irão, de maioria xiita.

Irão promete “resposta dura”. Guterres quer justiça

O Irão enviou uma carta ao Conselho de Segurança da ONU a pedir a condenação “imediata e inequívoca” à dupla explosão que matou as 95 pessoas perto do túmulo do general iraniano Qassem Soleimani.

Teerão “condena estes atos hediondos de terrorismo e não poupará esforços para conseguir justiça para as vítimas deste incidente”, referiu o documento, assinado pelo representante do Irão junto da ONU.

Amir Saed Iravani Iravani garantiu também a “firmeza” do Irão no seu “compromisso inabalável em liderar a luta contra o terrorismo”, acrescentando que o país tem sido “uma das principais vítimas” do fenómeno.

O ayatollah Ali Khamenei prometeu “uma resposta dura” à dupla explosão.

“Os inimigos malignos e criminosos da nação iraniana causaram mais uma vez um desastre e transformaram em mártires muitos entre o nosso povo em Kerman”, disse em comunicado o líder supremo da Revolução Islâmica.

“Esta catástrofe conhecerá uma resposta dura, se Deus quiser”, prometeu o ayatollah.

A carta foi enviada também ao secretário-geral da ONU, António Guterres. O português condenou na quarta-feira, “de forma veemente” o ataque.

“O secretário-geral apela para que os responsáveis sejam levados” à justiça, disse a porta-voz adjunta do líder da ONU, Florencia Soto Nino, num comunicado.

Israel por trás do ataque?

O ataque de quarta-feira ocorre entre elevadas tensões na região, após o líder adjunto do grupo palestino apoiado pelo Irão, Hamas, ter sido morto num ataque de um drone israelita no Líbano.

Na quarta-feira, Mohammad Jamshidi, um conselheiro político do presidente iraniano, acusou Israel e os EUA de estarem por trás dos dois atentados. Nenhum país ou organização reivindicou até ao momento a autoria das explosões.

Em Washington, os oficiais apontam a responsabilidade para o Estado Islâmico ou algum grupo extremista sunita afiliado, de acordo com o The Guardian.

ZAP // Lusa

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